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O caminho do produtor no Iberoceltismo hoje

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O caminho do produtor no Iberoceltismo hoje Empty O caminho do produtor no Iberoceltismo hoje

Mensagem  M· Diniz Nemetios Dom Jan 12, 2014 9:46 pm

Pessoal, gostaria de iniciar nossa discussão geral aqui sobre o Caminho do Produtor no Iberoceltismo indicando um texto meu sobre o tema com um foco mais geral. O texto é "Visões sobre o caminho do produtor" postado no blog Parahyba Pagã. Há uma versão em inglês, inclusive.

Bem, agora já considerando que o texto foi lido, pergunto: o que é mais imediato para o produtor em nossa religião? Que caminho seguir a princípio, que plano traçar? Como exercer bem tal função em prol de si, de sua família e de sua tribo, de sua comunidade religiosa? Com tais questionamentos em mente, vamos em frente.

A necessidade religiosa.

A idéia fecunda a mateŕia e molda-a, lapida-a, dá-lhe forma, informa-a. Eis o processo mágico elementar. A prática da religião em sua manifestação completa requer uma série de elementos materiais, de vasilhas a incensos, de vestimentas a adornos, de liras a madeira para o fogo. Desta necessidade fundamental, iniciada pela luz do pensamento, vem a consciência de que devemos nos dedicar, também, ao aprimoramento e ressurgimento adequado de nossos produtores. Basicamente, temos de ter os agricultores (incluindo jardineiros e congêneres) e os artesãos/técnicos de diversas áreas. A visão tradicional de uma educação ligada ao trabalho e do aprendizado de uma produção (para os que não pretenderão seguir carreira militar ou intelectual/sacerdotal) é algo que temos de resgatar para nossas famílias e filhos. É importante também relembrar que as funções hoje "extirpadas" do mundo produtivo (médico/curandeiro, armeiro/ferreiro e artista) ainda são parte dele, pelo menos dentro da visão tradicional - sendo útil e recomendável que haja expoentes de tais profissões em nossos grupos e meios de mostrarmos suas respectivas importâncias junto com o restante da classe produtiva. Devemos ter em mente que, num futuro de médio prazo, para cada 1 ou 2 sacerdotes, nossos grupos devem ter 3 ou 4 guerreiros e 6 ou 7 produtores.

Busquemos então, 1) incentivar a perícia e a habilidade nas artes, 2) incentivar e criar mecanismos que possibilitem uma volta ao campo e ao mundo rural, reabilitar os ritos agrários e os sacrifícios campesinos empoderados pelas forças imanentes e transcendentes, 3) restaurar a formação orgânica de guildas e corporações de ofícios, incentivando a produção em excelência e a formação de artistas/artesãos renomados nacional e internacionalmente; 4) criar condições para, a longo prazo, espalhar pequenas comunidades agrárias iberocélticas autossuficientes e condomínios/castros contemporâneos nas cidades, possibilitando uma rede de fornecimento (de alimentos, e quem sabe um dia, de carne animal sacrificada - de modo que, preferencialmente, caso se coma carne, se coma carne sacrificada aos nossos deuses, como no passado) e colaboração mútua, em prol de uma vivência integral religiosa; 5) instigar e trabalhar para o surgimento da mística da classe produtiva, dos ritos próprios e simbolismo das corporações de ofício, artistas e artesãos. Busquemos, pois, 6) criar condições para suprir, o máximo possível, nossas demandas materiais no mais alto nível em concordância com nosso valores religiosos e nossas aspirações ideológicas.

As funções da classe produtiva no Iberoceltismo atual.

Há basicamente três conjuntos de funções para a classe produtiva, pelo que posso enxergar. O primeiro conjunto, diz respeito as funções propriamente ligadas a liturgia e à prática religiosa, o segundo, as funções mais propriamente produtivas e por último as funções

I. os produtores são os responsáveis diretos pela preparação dos manjares, da bebida e do banquete cerimonial, assim como de tarefas auxiliares de enfeite, decoração e preparação do santuário, altar, estrutura física, etc. A presença e a participação nas ações religiosas são essenciais, é aquele que prestigia, apóia sendo ocasionalmente designado para executar uma tarefa na liturgia ou representando sua classe/função quando necessário.

II. a função da produção extra-litúrgica é também importante, seja nas coisas relativas a família, ao grupo e a comunidade religiosa, seja na comunidade mais ampla. Atividades virtuais (design gráfico, etc.) também são manifestações produtivas, sendo seus executores, uma espécie de artesãos/artífices digitais. Neste sentido, muito do trabalho de construção de estruturas, sejam virtuais ou reais, são funções primordiais do produtor. A produção de espaços, de templos, altares, de vasilhas, abrigos, etc. de tudo que diga respeito a execução das atividades religiosas e não-religiosas promovidas pelo grupo (sejam atividades guerreiras - acampamentos, jogos, etc. - sejam produtivas - encontros de artesãos, workshops, cursos profissionalizantes, etc.) é de responsabilidade majoritária do produtor.

III. por último, vem uma das funções mais primordiais - a de prover a "subsistência" de trabalhar para a continuidade não só de sua linhagem, mas de seu grupo e de sua religião, provendo-a com seu trabalho. Aqui também há a via de iluminação pessoal, de ascese, digamos, pela excelência do trabalho visando a transcendência do meramente mortal, a imortalização através das obras.

Posto isto, creio que está claro a necessidade imediata de organizarmos os executores de nossa função produtiva.

As necessidades práticas.

Precisamos que nossos correligionários que manifestam tal natureza mais fortemente assumam tais tarefas convictamente, cientes que estão trabalhando para a religião, e acima desta, servindo aos deuses, ou melhor, sendo artífices da existência junto com alguns deles. Naturalmente, o número de produtores será maior, cedo ou tarde, que o de outras pessoas que exercem as outras funções. Um grupo deve já ir preparando mecanismos que aproveitem e instiguem seus produtores, seja com a realização de oficinas conjuntas, workshops, feiras e espaços virtuais de venda para expor as produções, "competições" de artesanato, gastronomia, etc. dentro das festividades. Tais procedimentos fortalecem, harmonizam as funções de modo salutar e permitem que os talentosos se destaquem. Neste sentido, seria bom que todo grupo formasse uma guilda inicial de produtores que se ramificasse de acordo com o crescimento numérico e com as áreas nas quais se expande. Considerando isto tudo, seria muito interessante que o grupo dispusesse:

De um local fechado/sala de aula (poderia ser a mesma utilizada pelos guerreiros) para aulas/workshops/oficinas e encontros
De uma cozinha, forno e áreas próprias/adequadas para o preparo dos manjares e banquetes para as cerimônias da *towtā, seja no santuário ou em anexos deste.
Um local para realização de cerimônias próprias ou peregrinações (um altar dedicado à Deusa da Aurora/Inspiração, ou ao Deus dos Ofícios, etc.) quando necessário.

A realidade.

A consciência do exposto acima só gera resultado se cada sujeito em particular agir. Nisto, ouso umas pequenas recomendações para os sujeitos em particular que desejam enveredar/assumir este caminho e que o façam sob a bênção do Senhor dos Caminhos.

  • aperfeiçoa tuas habilidades (e uma em especial que te destacas) e busca as fundamentações teóricas - vivemos numa época de fácil acesso a informação (há vídeos e tutoriais sobre como fazer quase tudo na Web, or exemplo)
  • tenta relacionar tal habilidade com tua profissão concreta, se possível, buscando unicidade, aproveitamento do tempo e retorno adequado
  • desenvolva um relacionamento gradual e sincero com a divindade padroeira ou relacionada com a profissão que exerces, buscando o lado "alto" (místico/mágico)
  • da operação de teu ofício, buscando tornar-te um Mestre de Ofício (capaz de realizar a "grande obra")
  • busca ajudar teu grupo e tua religião fornecendo algum serviço ou produto que seja útil e necessário
  • participa com afinco e apóia os eventos (religiosos e não-religiosos) de teu grupo, faz número, faz-te presente, colabora, ajuda, com esforço/trabalho, idéias construtivas ou mesmo com dinheiro.
  • busca e pratica a virtude da temperança.


Bem, há mais coisas a expor e a discutir, Mas gostaria muito de ouvir os correligionários cá, vamos lá pessoal,alguma crítica, sugestão, dúvida? Colaboremos pois!
M· Diniz Nemetios
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