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Os Rituais Funerários dos Galaicos-Lusitanos.

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Os Rituais Funerários dos Galaicos-Lusitanos. Empty Os Rituais Funerários dos Galaicos-Lusitanos.

Mensagem  Arkius Sáb Fev 14, 2015 8:30 pm

Plínio, O Velho, em sua obra: Historia Natural, Libro III, pg. 15, menciona que os cultos religiosos dos lusitanos eram símiles aos dos celtiberos:

"[....] os célticos vieram da Lusitânia e provém dos celtiberos, é manifesto pelos cultos religiosos [....] " (PLINIO, pg. 15)

No que pese o erro de atribuição da origem dos lusitanos provirem dos celtiberos, fica evidente que tal erro se deveu a similariedade dos cultos religiosos serem comuns a ambas nações. Daí se poder atribuir determinados ritos religiosos dos celtiberos aos povos galaico-lusitanos.

Eliano (10, 22) se referindo aos Vacceos, re-classificados modernamente como celtas e não celtiberos como antigamente, diz sobre seus ritos funerários:

" [....] dão sepultura no fogo aos que morrem de enfermidade [....] mas aos que perdem a vida na guerra [....] os arrostam aos abutres, que estimam como animais sagrados".

A arqueologia tem reiteradas vezes descoberto urnas funerárias enterradas, em que supostamente devia-se encontrar os restos incinerados dos antigos guerreiros, junto com suas armas inutilizadas, dobradas, retorcidas. De modo que se depreende que uma vez que o defunto era posto em uma enorme pira, suas cinzas eram postas dentro de uma urna e enterrada com suas armas.


Appiano, historiador grego do Séc. II da éra cristã, ao descrever o funeral de Viriato(132 a.c.), registra o costume de incinerar o corpo:

" [....] tendo os Lusitanos vestido o corpo inerte de Viriato magnificamente, queimaram-no numa pira altíssima e sacrificaram-lhe muitas vítimas, correndo à roda, armados e em pelotões; dirigiam-lhe louvores à maneira Lusitana e até que a pira se extinguiu após vários dias, todos estiveram em volta dele. Acabada que foi a cerimônia fúnebre, celebraram-se combates corpo a corpo, até caírem às centenas sobre o sepulcro. Muitos foram os guerreiros que quiseram morrer com honra e acompanhar o seu chefe no Além. Tal foi a saudade que Viriato deixou de si".

Na descrição de Appiano, há menção de um rito entre os "devotios", que eram séquidos de guerreiros vinculados ao seu chefe, na referência, os "devotios" lutavam entre si, em um ritual de morte para acompanhar seu chefe ao Xid (Sid em irlandês, mas com pronúncia: xid, o além celta).

Há menção ainda, ao ato de correr em volta da pira em forma de roda. Rito similar foi ainda registrado em um verso na Galiza em 1882, no que se designou chamar "dança do abelhão", em que de mãos dadas os presentes giravam em torno do defunto, zumbindo entre os dentes imitando o som de abelha.

Agora, quanto aos guerreiros caídos em combate, o rito era distinto, sendo deixados em campo de batalha a mercê dos abutres, tidos como seres psicopompos, que transitavam entre o mundo dos vivos e dos mortos, levando o espírito dos guerreiros ao Xid.


Nesse sentido existe a estela de Zurita na Cantábria, em que figuram um guerreiro caído junto a um abutre assistido por dois infantes.

Silo Itálico (3, 340-43) diz a esse respeito:

"Os celtiberos consideram uma honra morrer em combate e um crime queimar o cadáver do guerreiro assim morto; pois crêem que sua alma remonta aos deuses do céu ao devorar o corpo jacente o abutre."

A literatura irlandesa na figura da Deusa Morrigan parece desempenhar papel similar ao ser ela a amparar os guerreiros caídos  em combate conduzindo-os ao mais além celta, Xid.
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