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Solstício de Verão (originário da lista Recons-IberoCeltica)

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Mensagem  Manuel Araújo Qui Set 01, 2011 10:38 am

Da autoria de M. Diniz Nemetios
(Sexta-Feira, 19 de Novembro de 2010)

Estamos discutindo isto noutra lista, e vou aproveitar o post que acabo de enviar lá pra cá também:

Saudações!

Me bateu uma curiosidade e fui ver no John T. Koch (Celtic Culture: a historical encyclopedia. p. 1298) o que dizia sobre o Midsummer's Day. Vamos lá:

Dia do meio do Verão (24 de Junho), o solstício de verão, é importante em toda a tradição popular nos modernos países Célticos, apesar de que não há evidência de que era celebrado pelos Antigos Celtas [há evidências, claro! citamos muitas aqui na lista já, mas ok]. É também o dia de São João Batista, exatamente 6 meses do Natal, como o Beltane (1º de Maio) [para nós, em novembro] e Samhain (1° Novembro) [em maio] são seis meses separados.
É possível que a celebração da data tenha originalmente sido incorporada dos Anglos ou Escandinavos [e no caso da Península Ibérica? E o mundo romano que observava esta data?], onde as celebrações do Solstício de Verão são fortes, mas muito do saber popular atado à data mostra paralelos significantes com o modo como o Beltaine (Calan Mai em Galês) é celebrado, tal como a crença na Bretanha (Breizh) que os defuntos foram transportados na véspera de Todos os Santos (1º de Novembro) e na véspera do Meio do Verão.
A mais comum forma de celebração é uma fogueira, mas rituais de divinação eram também praticados, por exemplo, pondo os homens do meio do verão (sedum rosea, uma flor mais comumente conhecida como 'roseroot ') no barro a noite toda para prever a saúde de alguém para o ano vindouro. Na Bretanha era uma ocasião para formar contratos agrícolas ou domésticos. Na Alta Bretanha (Breizh-Uhel ) o fogo era sempre acendido por um Jean (João) ou Jeanne (Joana), e as brasas eram colocadas nos poços para tornar a água melhor. Enquanto o fogo morria as pessoas deveriam saltar sobre o fogo. Na Irlanda (Éire ), a maneira pela qual as pessoas saltavam sobre o fogo era dito revelar se elas tinham comentido certos crimes, e as cinzas eram espalhadas sobre os campos. Fergus Kelly tentou identificar Féil na n-airemon (a Festa dos Lavradores) [em gaulês, provavelmente seria uêlis ariomanon] com o Dia do Meio do Verão, mas Máire MacNeill sugeriu que isto acontecia no Lugnasad. A data era também importante para o recolhimento de ervas medicinais em todos os países Célticos.

Bem, em termos de saber popular, há muita coisa - aqui no Nordeste, nem se fala, mas no geral, justamente práticas como pular fogueiras para trazer sorte/livrar as mazelas, pular fogueiras juntos para selar promessas/acordos, a de espalhar as cinzas/varrê-las pelos arredores da casa/propriedade, de adivinhação (por diversas técnicas diferentes - e cabe ressaltar que há muitas em que é requerido ao processo passar a noite toda, sendo feita a consulta pela manhã) para o amor, saúde e para o inverno vindouro; há muuuita coisa sobre as práticas populares do interior do Nordeste que ainda preserva, via majoritariamente a herança ibérica [ainda muito fortes], os costumes Indo-europeus bem gerais relativos à data - que pode ser ressignificada, além do que já tratamos aqui (Áine, o Sacrifício para Manannan, A roda raiada de fogo de Taranus a fertilizar os campos, etc.)

Mãos a obra!
...

Pra nossa lista, somente agora.

>>>Especialmente para o Foco Ibérico (Celtibérico, Lusitânico e Callaeco).
-Festividade de cunho agrário, alegre e campesino, daí pesquisar tradições populares sobre o São João
-Acendimento de fogueiras
-Fogo como curador/afastador de mazelas e principalmente como fertilizador (daí o recolhimento/uso das cinzas)
-Adivinhações/previsões sobre o futuro inverno, prosperidade comunitária, saúde e vida amorosa de pessoas
-Associado ao *Deus Céu/Trovão (Taranus dos gauleses, talvez o *Deus-Sol nos relatos greco-romanos sobre o deus mais adorado pelos Hiperbóreos, etc.) e ou *Deus Mar (Manannan dos gaélicos, Moricelios dos lusitânicos) ou *Deus-Guerreiro, além da *Deusa-Terra em seu aspecto "guerreira". Há evidências para muita coisa, de muitas fontes diferentes, daí que é necessário um trabalho meticuloso aqui para organizar bem - daí que o trabalho de pesquisa no folclore ibérico talvez lance uma luz a mais.

Comentários?

Inté!
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:pb:
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Mensagem  M· Diniz Nemetios Dom Nov 20, 2011 9:44 pm

Solstício de Verão entre os gauleses:

Festival de Taranus?
Sobre a festividade de Taranus,

TROMBETTA, Silvana. O Ritual Sacrifical de humanos e de animais entre os Celtas. In LANGER, Johnny; CAMPOS, Luciana de (orgs.). A religiosidade dos Celtas e Germanos. São Luís: UFMA/Gráfica Santa Clara, 2010, p. 35 escreveu:
(...) Havia elementos religiosos que relacionavam este deus ao elemento fogo. Taranis tinha como um de seus atributos uma roda que, de acordo com a mitologia gaulesa, era inflamada e lançada aos campos para fertilizar a terra. Numa das imagens do caldeirão de Gundestrup, o deus Taranis (representado com uma barba) aparece com a roda em sua mão direita, tendo a seu lado direito o deus Teutates. A imagem retrata o momento no qual Taranis, auxiliado por Teutates, lança a roda em direção à Terra. ZWICKER (in HATT, 1989:188-9), descreve o relato do martírio de São Vicente, o qual faz menção ao rito da roda inflamada:

Sobre o território antigo (ligado a vila de Agen) na região de Metenses, mais corretamente de Nemetenses ou Vernemetenses, que é uma das mais conhecidas cidades da Gália, a multidão sacrílega dos pagãos tinha o costume de se reunir para celebrar cerimônias não de uma verdadeira religião, mas de uma ilusão sedutora, num santuário consagrado a um de seus deuses. Sem dúvida, os demônios que ali habitavam, enganavam, através de suas manobras mentirosas, os olhos e os espíritos da multidão que se encontrava reunida, de tal modo que este povo infeliz acreditava assistir a algum milagre divino, aonde não havia senão artifícios diabólicos. Com efeito, transpondo a porta deste mesmo templo, como se ela fosse empurrada por uma vontade divina ou, falando mais verdadeiramente, por um demônio que ali morava, uma roda inflamada costumava sair dali e descer o cimo da colina até um riacho que corria para a direita. Ela em seguida tornava a subir a encosta, até o templo do santuário, por um movimento inverso, vomitando chamas. Esta ilusão se esvaneceu quando em oposição a ela, foi feito o sinal da cruz. A multidão furiosa dos pagãos, levou o santo à morte.
"

O povo fez bem, sacrificando o sacrílego (o tal do santo católico), hehehe. Brincadeira.

Bem, mas como se sabe que isto ocorria no Solstício de Verão?

-Taranis é igualado a Dis Pater no Escólio Benese de Luciano da Farsália:
"Taranis Ditis Pater hoc modo aput eos placatur: in alveo ligneo aliquod homines cremantur" (traduzindo agora nas custas, "Taranis Dis Pater é aplacado do seguinte modo: em um leito de um rio lenhoso [alveus: "leito de rio, gamela, pia" - mas também "caixa de abelhas" e ligneus: "de madeira, lenhoso" mas também "seco, magro"] cremam um certo número de homens").

-Taranis, deus barbado com uma clava potente, é associado a roda solar e ao fogo de origem celeste (o que inclui o trovão).

-Dis Pater romano é um deus eminentemente agrícola, sazonal, submúndico e relacionado a fertilidade que no mundo romano tinhas suas festas relacionadas as festas agrícolas (e cujo culto se relaciona ao de Proserpina).

-Taranis é majoritariamente associado com Iuppiter - deus eminentemente celeste, associado ao trovão, cujo "aniversário" na Gália era celebrado nas cercanias de 20 de junho - sendo uma ocasião para a cerimônia de nomeação de recém-nascidos (conforme registrado num mosaico da região de Narbona que já vi e até o tinha aqui nos arquivos, mas sumiu e não consegui achar ainda). A festa de "Aniversário" de Iuppiter nesta data, é algo bem gaulês mesmo, o que leva a crer que seja um substratum mais antigo. Independente disto, os católicos associaram quem? Saint Jean Baptiste - é, o batizador mesmo. E daí a festa popularíssima no mundo ocidental do "São João".

-Como conciliar Dis Pater (submúndico) com Iuppiter (celeste)? Qual seria a data onde se celebraria o fogo como elemento fertilizador e ligado à Taranis? No meu ver, tal equalização com Dis refere-se apenas ao aspecto fertilizador e agrário da divindade (tal qual o culto do germânico Ðonar, escandinavo Þórr), não necessariamente a residência no Submundo. O deus de residência no Submundo, também agrário, é Sucellos (que talvez seja Esus...). A relação entre estes dois deuses "supremos" é indoeuropeia (presente no modelo arcaico de Indra-Varuna) e está devidamente estudada (no clássico texto de Georges Dumézil, e mesmo, para nossos propósitos, demonstrada claramente no capítulo 13 do Los dioses de la Hispania Céltica de Olivares Pedreño). Basicamente, temos um deus que preside a fertilidade vinda do mundo celeste (o que inclui as chuvas, tempestades, etc.) e outro da fertilidade vinda do mundo inferior. No Solstício de Verão, temos o louvor deste deus responsável pela fertilidade celeste - dele depende a benção para que os campos não sequem e ardam com o calor (daí a associação com a matança de um "demônio"/entidade contrária aos deuses que impede a chuva ou seca os campos).

-Outra confirmação (também vinda dos mosaicos) sobre a associação de Iuppiter-Taranus ao Verão: http://www.archeologos.com.br/silvana3.htm (introdução - os múltiplos sentidos do tempo, no segundo parágrafo)

Mais informações gerais.

Antes de tudo, ao contrário do que muita gente abre a boca para dizer, o Solstício de Verão, não é uma prática "estranha" aos celtas. Os povos megalíticos e descendentes destes que habitaram o ocidente europeu (e precederam os Celtas, pelo menos na Irlanda) observavam esta data. TODOS os povos Indo-Europeus observavam esta data de alguma forma. Mesmo que consideremos que os Irlandeses realmente NÃO TENHAM, ABSOLUTAMENTE, EM HIPÓTESE ALGUMA, observado esta data, isto seria bem incomum e simplesmente é desmentido por inúmeras evidências.

Por exemplo:
-Existe um termo para "meio-do-verão" (designando o Solstício de Verão) em Protocéltico (que se supõe falado até cerca de 600 a.e.c), e um termo derivado deste é atestado no irlandês antigo.
-A literatura medieval insular gaélica menciona alusões a esta data em tempos pré-cristãos, inclusive interpretando e dotando de significado religioso céltico monumentos pré-célticos relacionados a data como o Brúg naBoinne e a historieta do nascimento de Óengus.
-O folclore e a tradição católica popular preservou muitas referências.

No entanto, não estou com isso a dizer que tal data, entre os gaélicos, tivesse a mesma importância de um Imbolc ou Samain, NÃO. No meu ver, tal festividade foi "eclipsada" pelo Beltaine, por um lado (na sua referência ao fogo fertilizador) e ao Lughnassad (na sua referência as chuvas e tempestades de verão) talvez por motivos regionais-sazonais locais, etc. Não é difícil para uma geração de camponeses (mesmo sem o auxílio de um especialista: um druida, digamos) morando num lugar onde a inclinação da incidência solar de uma região "temperada", como o norte da Europa e a Irlanda em especial, perceber o dia mais longo do ano. De modo que afirmo sem medo de errar, que conheciam a data. E conhecendo a data, é quase impossível (não só pela herança IE e nem só pela herança "megalítica" de Brú na Bóinne - citada nos mitos e de reconhecida importância para o imaginário dos celtas hibérnicos, mesmo sendo anterior à eles) que não lhe atribuíam, nem que seja em menor escala, alguma importância religiosa.

No continente há mais vestígios sólidos sobre a importância desta data para os Celtas do continente, na verdade simplesmente há vestígios inequivocamente. Na Ibéria mesmo, nosso foco aqui, temos o alinhamento do santuário celtibérico de Segeda, além de santuários pétreos da zona galaica (como a pedra do Raposo). Muitos RCs de foco gaélico ou mesmo britônico, realmente não observam estas datas (pelo menos os Solstícios, já que evidências sobre os equinócios nas ilhas é menor ainda) e se sentem justificados a tal. Ok.

Há ainda, considerando as informações relativas aos celtas hibérnicos e do norte da Europa em geral, uma possível relação com Mannanan, apesar de não ser fácil distinguir o que é um substratum céltico do que é viking (apesar de ser mais fácil separar estes dois do cristão). Sobre a prática da ilha do deus, há relatos greco-romanos bem antigos que citam uns tal de Hiperbóreos (hehe) que moravam numa ilha bem ao norte, que no Solstício de Verão, realizavam uma grande festividade em honra ao Deus Sol. Há quem entenda que estes "Hiperbóreos" são, pelo menos no caso destas descrições, Celtas. Este texto faz um apanhado quase que totalizante sobre isto: BRIDGMAN, Timothy P. Hiperboreans myth and history in Celtic-Hellenic contacts. London/New York: Routledge, 2005.

Quando estiver com mais tempo, re-organizo as informações e acrescento outras mais, além de focar mais na Ibéria... espero fazê-lo antes da data em si, de modo que possibilite a organizarmo-nos para a festividade.


Última edição por M· Diniz Nemetios em Qui Nov 24, 2011 11:57 am, editado 3 vez(es)
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Mensagem  Manuel Araújo Ter Nov 22, 2011 6:42 pm

Adorei o post especialmente por ser dedicado a Taranus e aos gauleses em geral!

Concordo com tudo o que mencionaste e acho que tenho ainda mais algo a acrescentar sobre uma possível razão (algo subentendida) para o desaparecimento de um festival de Verão dedicado ao *Deus Trovão, na Irlanda e Escócia.
A meu ver, a ausência da divindade "descendente" do Perkwunos proto-céltico já é motivação suficiente para esta prática ser eclipsada por Beltane e Lughnasadh. Ao analisar as práticas e mitos associadas a cada uma destas festividades e aos Deuses associados a elas, podemos concluir que houve um dispersar quase absoluto dos atributos do *Torano- proto-Céltico e consequentemente, também das práticas rituais associadas a este.

Em Beltane, há a clara alusão ao fogo purificador de origem celeste (ou solar?), que na Gália era regido por Taranus. Além disso, existe a preocupação com o gado e da proteção mágica desde ao passá-lo por entre pelas fogueiras. Taranus, tendo como possível totem o touro, poderia ter tido uma especial função associada a estes animais.
Em Lughnasadh, dá-se mais ênfase à vida vegetal, às colheitas, que poderiam (na Gália) ter sido propiciadas por anterior acção de Taranus ao libertar as águas que estavam presas por uma serpente colossal (confiram na obra de Olivares Pedreño - Los Dioses de la Hispánia Céltica - o capítulo Júpiter Galo-Romano, Taranis y las Corriente Fluviales), ao atirar-lhe a roda flamejante.

Quanto ao Deus em si, já mencionei que um *Torano- está completamente ausente na mitologia Gaélica. Isto é porque os seus poderes foram atribuidos a duas principais divindades: Dagda e Lugh.
Quanto a Dagda, as provas são os seus nomes (retirando de um post teu, Marcílio):
- Dagda Duir > (*dagodéwos darus) "bom-deus carvalho"
- > ·Cerrce > (*kerrokyos "o canhestro", ou *kerkyos "o envolve, que cerca", ou ainda *kwerkyos "o proprietário, o próprio" ou ainda *kwerkwyos "que circunda, cerca") traduzido geralmente como "matador" - há quem defenda que este epíteto derive do IE *Perkw- (a mesma fonte para Perkunez)...
Mas lembrem-se que apesar de Dagda unir aspectos de *Perkwunos e de deus do submundo, ele continua a ser maioritariamente um Deus mais terreno que celestial!
Em Lugh (diferente do Lugus das subculturas P-Celta), é evidente que a lança Areadbhar que este possui é uma clara alusão ao relâmpago, pela forma como esta é descrita a atacar os inimigos deste Deus. A própria relação de Lugh com o festival das colheitas - que na Gália teria a ausência de elementos explicitamente conflituosos como na Irlanda e seria mais mercantil, penso eu - e à suposta Deusa da terra Tailtiu são de considerar.
Na própria Gália havia quem achasse que Taranus era "burro" (espero que Taranus não saiba ler coisas digitais), e o culto deste já era algo menor quando comparado ao de Lugus, mas continuava bem vivo e a prova é o dito festival da roda flamejante descendo até ao rio ter sobrevivido até aos tempos cristãos.


Enfim, penso eu que é isto: uma perda da importância do Deus Trovão e dispersar dos atributos deste, levou à perda da importância do respectivo festival. Smile
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Mensagem  M· Diniz Nemetios Qui Nov 24, 2011 2:03 pm

Saudações!

Concordo quanto ao eclipsamento da festividade entre os celtas hibérnicos em geral, mas acredito que o Lugunassātis gaulês também tinha o caráter lúdico (afinal, nas calendas de Agosto no festival organizado em Lugudūnon, segundo o registro romano, houve também campeonatos de eloquência e corridas de cavalo), além do comercial.

Manuel Araújo escreveu:Quanto ao Deus em si, já mencionei que um *Torano- está completamente ausente na mitologia Gaélica.
Na verdade há indícios fortes da permanência de um tal deus. Tuirenn é o pai de uma tríade de deuses associados ao fogo, confecção de armas e a forjaria em geral: Credne (talvez o nome venha da raíz *kwer- "fazer, causar" de onde *kwritu-no- "moldador, o que muda a forma <<magicamente>>", ou menos provavelmente de *kwreyd-ano- "barrento"), Luchtaine (talvez de *lowko-tan-yo- "o que espalha luz", do verbo *tan-nu- "espalhar"; ou talvez tenha alguma relação com *luχtu- "multidão, povo"; ou *lukot- "rato") e Goibiniu (*goban- "ferreiro"). Ele é também chamado de Tuirill Bricreo. Tal deus "morreu" de tristeza sobre as covas de seus outros três filhos mortos por Lugh. Talvez, isto ecoe um acontencimento sazonal (quando as trovoadas param) ou mais propriamente uma justificativa remota para que o Lugh gaélico tome/herde o raio (enquanto arma). Uma explicação diferente é dada por Alan Ward, vê:

Alan Ward. The Myths of the Gods. p. 18 escreveu:(...)Gaibhneann and Bricre are certainly identical. In the first place, Gaibhneann - like Bricre - furnishes but does not preside over the divine feast. In the second, Bricre (in the form Tuirell Bicreo) is the father of the Twins, Iuchar and Iucharbha (LG 319, CMTc 48, LG poem 66). Brighid, the Dawn Goddess, is the mother of the same two (LL 24601). She also has the aspect Bé nGaibhneachta "wife of smithery" (SC Brigit) which means that she is married to Gaibhneann in this aspect. Consequently Gaibhneann and Bricre are identical as father of the Twins. The Smith God’s attributes are clear and correspond to his functions. As divine smith, he has his forge in which he forges the thunderbolt for the Storm God, Lugh (CMT 96, 122, CMT-C 677ff, OSL (Donegal) 90ff, WIF 242ff). As hospitaler of the gods, he furnishes the divine feast, known as Fleadh Ghaibhneann or, in the context of the Ulster cycle, Fleadh Bhricreann. He is also owner of the cow of plenty, Glas Ghaibhneann "the Smith God’s green one", the theft of which by the Drought God, Balar, leads to the birth of Lugh and ultimately to Balar’s death. Mention of this cow is infrequent in the literary texts ("Gaibhneann’s cow: what she grazed she ground - both grass and water") (Anec. 2.59) but she figures very prominently in the folk tradition, all sources agreeing that any vessel put under her, she would fill with milk, however large or small the vessel might be (...)

Eu tenho minhas dúvidas de que Tuirenn e Goibniu sejam o mesmo deus, não acho que sejam, apesar da explicação de Alan Ward ser razoável. Acredito que Tuirenn saiu de cena, tendo Lugh herdado algumas das funções de "Storm God", e claro, levando para sua festividade o aspecto mítico-simbólico. Mas isto é mais uma intuição do que uma teoria politeológica baseada na interpretação dos mitos.

*Perkwuno- > *Torano- ?

Em termos gerais, temos três opções para o Indoeuropeu *Perkwuno- < *perkw-uno-: 1. Uma permanência incomum do *p- inicial, que em Protocéltico, só poderia ser empréstimo (como no teônimo celtibérico Berkūnez); 2. o desenvolvimento regular de *p-*φ-, onde teríamos *Φerkw-ono-; ou 3. a transformação (também estranha, me parece) do *p-*kw-, de onde *KWerkw-ono- (atestado no celtibérico como etnômino "QVERQVENI" > Querquenos = kuerkuenos, mas que pode mais decididamente referir-se simplesmente ao "carvalho" IE *kwerkw-).

Em céltico, 1. não seria céltico - pura e simplesmente - seria um empréstimo; 2. daria em céltico-q "**Erconos/Erq(u)onos/Ercunos/Erqunos" em céltico-p "**Erponos/Erpunos"; 3. resultaria em céltico-q "**Querqu(o)nos/Quercunos/Querconos" e em céltico-p "**Perpunos/Perponos". De onde bem notastes, poderia vir talvez um *kwerkwyo-.

Acredito que 1 fora testado na Celtibéria claramente: honrou-se o deus com um nome pré-céltico. 3. acho provável mas nem tanto, acredito que para *kwerkw- é melhor defender a pura ligação plantácea (ok que o nome do deus tem esta ligação também, óbvio...) mesmo: *kwerkwt-/kwerχt- é "arbusto, folhagem" e que o etnômino celtibérico é, talvez, mais compreensível nesta raiz ou em kwerk-eno- "proprietário, dono". Já 2. creio que seja a mais acertada, está em perfeita conformidade com a regra geral do Protocéltico (IE *p- → PrC: *φ-) e está atestado indiretamente no nome da floresta Hercynia (escrita grega) perto do rio Reno, que é céltico, de *Φerkw-un-yāErcūniā. Fora isto, o deus gaélico Erc, cujo nome é glosado como "céu, céus", talvez venha diretamente desta raiz, apesar de haver que defenda que tal deus é Elcmar (e que este é Nechtain, ou seja, um aspecto de Nuadu). No Protocéltico, a raíz *φerko- é traduzida como "1. temeroso, assustador, terrível; 2. matizado, colorido, manchado, salpicado; 3. posição elevada, alto, poleiro" e o grego registra περκνός /perknós/ como "colorido, manchado, vermelho"... Enfim, é uma questão difícil. Em todo caso, resta a outra raiz IE *th2r- de onde o hitita Tarhunt, o germânico Þunraz/Þonar/Þunor/Þórr e o nosso Protocéltico *Torano-.
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Solstício de Verão (originário da lista Recons-IberoCeltica) Empty Re: Solstício de Verão (originário da lista Recons-IberoCeltica)

Mensagem  M· Diniz Nemetios Qui Nov 24, 2011 2:20 pm

Mais informações gerais relativas a data.

Pré-celtismos:
-A grande maioria de monumentos de caráter funerário está alinhada com o nascer do sol (seja com o nascente puramente, ou com o nascimento nos solstícios) por todo o ocidente atlântico, de Portugal à Irlanda.

Celtas continentais:

Olivares Pedreño "Los dioses de la Hispania céltica" p. 178 escreveu: (...) Otra posible relación, aunque derivada de un dato aislado y demasiado indirecta, entre el “dios de la rueda” galo-romano y los ríos vendría dada por algunos ritos centroeuropeos relacionados, principalmente, con el solsticio de verano. En muchas regiones de Francia y Alemania, las formas más características que tomaban estas celebraciones ígnicas eran las hogueras, la procesión de antorchas por los campos y, finalmente, el lanzamiento de una o varias ruedas de fuego desde las cimas de los montes. Estas fiestas ancestrales, claramente paganas, no pudieron ser suprimidas por la Iglesia, que optó por darles una apariencia cristiana haciendo coincidir la fiesta de San Juan Bautista con el día que el sol alcanzaba su punto más elevado del año.

De estos tres tipos de celebración, el que nos interesa es el lanzamiento de ruedas de fuego puesto que, como sabemos, la rueda es también un elemento que caracteriza iconográficamente al dios soberano de los Celtas307. El ritual más frecuente consistía en lanzar durante la noche una o varias ruedas de un determinado material recubierto de paja u otro vegetal ardiendo desde la cima de las montañas circundantes hasta los valles. Este impresionante espectáculo imitaba la carrera del sol en el cielo representando, según Gaidoz, elcomienzo del descenso del sol desde su cenit.

En algunas regiones, como Hesse, se pensaba que por los lugares donde pasaban las ruedas encendidas los campos estarían seguros contra las tormentas y el granizo309. En una villa del Bajo Konz, el máximo objetivo de los jóvenes consistía en guiar la rueda desde lo alto de la montaña de Stromberg hasta conseguir sumergirla ardiendo en las aguas del Mosela. Si la rueda de fuego llegaba hasta la orilla superando todas las viñas plantadas a lo largo de su recorrido y las llamas eran apagadas por el agua del río, la gente preveía una vendimia abundante durante ese año. Si, por el contrario, el objetivo no se conseguía, tanto las cosechas como el ganado se verían afectados
.

Mais dos Celtas Insulares:

Miranda A.-Green "Animals in Celtic Life and Myth". p. 154. escreveu: (...) Numerous scourings of the White Horse have been recorded, from about 1650 to 1900. Traditionally, scourings took place every seven years. In the seventeenth century, Thomas Baskerville alluded to the obligation on local inhabitants ‘to repair and cleanse this landmark, or else in time it may turn green like the rest of the hill, and be forgotten’. He also suggested that the people working on the horse should enlarge the belly as it was too slender when seen from a long way off. In 1720, Thomas Cox wrote about the people around midsummer going to weed the horse to keep it in shape and colour.

After the work was completed, there were feasting and jollification, ceremonials and festivals. Twenty years later, Francis Wise expressed his regret that the scouring had been left to the common people, who were not bothering to do it properly. There was an angry retort to this allegation by one William Asplin, who wrote a pamphlet called ‘The Impertinence and Imposture of Modern Antiquaries Displayed’. In it, Asplin stated that the scourers were energetic enough with the mattocks and spades but were somewhat hurried to get their reward, ‘a bellyful of ale’. Another comment some thirty years later in 1770 says that after the midsummer scouring, the people went off to different public houses to spend the evening in ‘all sorts of rural diversions’. The scourings and associated festivities continued until after the Industrial Revolution and the introduction of the railways. Thomas Hughes, author of Tom Brown’s Schooldays, wrote a treatise entitled ‘The Scouring of the White Horse’, which was a graphic description of the last
great scouring in 1857.

-Há na Bretanha Francesa a concepção de que o fogo do São João deve ser aceso com madeiras trazidas por todas as pessoas da comunidade, aquele não tras nenhuma madeira adoece ou tem má sorte (ver a historieta do escritor bretão Jakez Riou, de nome Anna tregidi)

Seán Ó Súilleabháin "Irish Folk Custom and Belief". p.18 escreveu: (...) A charred sod of turf from the Midsummer bonfire was placed in the milk-house as protection.

p.41
"The Feast of St. John (June 24) seems to have been celebrated by the church in an attempt to christianise the old festival of midsummer, which occurred about that time. The lighting of bonfires, which is still carried out in many areas in Ireland, is a very ancient custom and was once found all over the world. Many attempts have been made to interpret the minds of the early peoples who started the custom—one theory was that people lit the fires to boost the strength of the sun, which, they knew by experience, would wane from that day onwards. We may never know the real explanation, if thereThe Feast of St. John (June 24) seems to have been celebrated by the church in an attempt to christianise the old festival of midsummer, which occurred about that time. The lighting of bonfires, which is still carried out in many areas in Ireland, is a very ancient custom and was once found all over the world. Many attempts have been made to interpret the minds of the early peoples who started the custom—one theory was that people lit the fires to boost the strength of the sun, which, they knew by experience, would wane from that day onwards. We may never know the real explanation, if there was only one. It does not matter. In Ireland, village inhabitants often joined together in lighting a huge fire; but in scattered farms, each owner lit his own bonfire and ended by throwing some of the blazing bushes into his crops for luck. As at May Eve, cattle were driven between two such fires to protect them from harm of various kinds. Diseases were said to grow less as each ceann féile approached; still people also tried to help themselves and improve their health by bathing on Midsummer Eve and drinking the boiled juice of St. John's weed. The reaping hook was symbolically placed among the unripe corn on that evening too. As on May Eve, fairies and spirits were active then also.

Bonfires again blazed on the Feast of SS. Peter and Paul (June 29) and people looked forward to the day being fine as an augury of a good harvest:

Lá ’le Póil má fhónann grian o geal,
Beidh grán; go leor, ’s gach; sórt sa bhliain go maith.


(If the sun shines brightly on St. Paul's Day, plenty of grain and all good things are assured for the year).

No Folclore português:

Tehóphilo Braga "O Povo Portuguez". p. 52 escreveu:(...) Nas constituições do Bispado de Lamego, de 1639, se lê a referencia aos solstícios, prohibindo "que em dia de Sam João Baptista se clham as hervas e levem a agua da fonte para casa ou se lave a gente e os animaes n'ella, antes do Sol nascer, metendo na cabeça à gente de pouco saber que redunda em honra e louvor do santo. E que depois de nascer o Sol, em outro dia, colhidas as hervas em nome e honra d'elle não terão egual virtude"

p. 58
"(repetindo o sermão de santo Eloy do século VII...) Que nenhum christão ligue crédito às rimas nem aos cantos magicos, porque são obras do diabo. QUe na festa de S. João, e em outras solemnidades dos santos, que se não faça caso do solstício; que se não entreguem a dansas, a jogos, a corridas, a côros diabólicos(...)

p. 300
A festa de S. João Baptista em todos os povos europeus está ligada a um phenomeno astronomico, o solsticio de verão, em 24 de junho. O celebre ritualista Guilherme Durandus, interpretando allegoricamente a festa do Precusor, não póde occultar o seu sentido mythico: "Faz-se girar uma roda, em certas localidades, para assim designar que o sol não se póde elevar mais, mas torna a descer no seu circulo, assim tambem a fama de S. João, que era olhado como um Christo, diminuiu quando este appareceu. - Alguns dizem que é porque n'este tempo os diam minguam, e que crescem de novo no natal de Jesus Christo...". E' justamente uma tal concepção primitiva que faz com que a festa do solsticio do verão seja commum a todos os povos indo-europeus, (3) e ainda aos povos semitas; o phenmeno é diversamente dramatisado, mas entre os povoso europeus toma a expressão de um Combate do Verão expulsando o Inverno, (24 de Junho) [...] O sentido astronomico da festa do S. João comprehende tambem uma indicação chronologica; nos antigos prazos portuguezes notou João Pedro Ribeiro que o anno era sempre contado de S. João a S. João, e no alvará de 1 de julho de 1774 chamou-se-lhe anno irregular. [... em relação ao Combate do Verão contra o Inverno] por um documento da Camara de Coimbra, de 1464, citado por Viterbo, se nota a fórma de combate: "cavalhada na vespera de S. João com sina e bestas muares". Em outros povos esta cavalgada ficou simplesmente lendaria [...]. O Verão que expulsa o Inverno, e um mancebo, Wodan, o deus germanico também advogado do amor, Adonis, Athys, Gines, S. João ou S. Jorge, Arthur ou o rei S. Sebastiã, conforme o myth prmitivo se dissolveu na legenda agiológica ou historica, conservando sempre o caracter de sua morte prematura. O porco ou javali, que personifica o Inverno, que se persegue na Mesnie Helleguin, era também perseguido na festa de S. João Baptista em Braga, com nome de Corrida do Porco preto; dirigiam-se as cavalhadas para além do rio Deste, em cuja ponte esta uma capellinha de S. João, que tinha uma irmandade que organisava a festa, sendo o mordomo obrigado a criar durante o anno um porco para a montaria d'esse dia. Na alvorada de S. João, depois das cavalhadas iam soltar o porco do alto do Picoto, correndo atraz d'elle, e se passava a ponte pertencia então à gente da margem, se passava o rio ficava pertencendo aos moleiros. Nos costumes provinciaes, conservam-se quasi todas as fŕomas dramaticas d'esta antiquissima festa solsticial.

Eis sobre a festa de S. João, em Chaves: "o capitão, cavalleiros e pessoas de qualidade, que formavam antigamente a Congregação da nobre Cavallaria de S. João Baptista, acompanhavam em duas alas a bandeira até o mosteiro de S. Francisco, e depois de ouvirem missa, faziam dentro dos muros da villa escaramuças, corridas, jogos de canas, foquilha e outros diversos jogos. Depois eram coroados os cavalleiros com flores pelo guardião do convento, que recebia do alferes da bandeira uma tocha lavrada. D'estas festas apenas subsitem as cantigas e o jogo do pilha-trez". Na manhã de S. João, em Roriz, costuma-se ir saudar o azevinho, para que se compre barato e venda caro. Na antiga villa de Pedrogam-Pequena, nas margens do Zezere, celebra-se a festa de S. Joã com a Mourisca, bailado antigo que se executa pela seguinte fórma: "São sete figurões exoticamente vestidos de saia com grandes laços de fita, sapato e meia, jaqueta apertada com largo cinturão que lhes sóbe aos hombros, e se cruza nas costas e peito, como o correame dos nossos soldados, e na cabeça um barrete de fórma conica muito enramalhetado de flores. Os dois primeiros tocam bandurra, os immediatos pandeireta, e os ultimos empunham compridos thyrsos com um grande ramalhete de cravos na extremidade superior. O septimo porém d'estes personagens, distingue-se pela corôa que descança na cabeça altiva, uma corôa de rei; aos hombros largo chale pendente à guisa de manto; na dextra ferrugenta durindana, e na esquerda um escudo, onde se vê pintado o cordeirinho que acompanha sempre o santo precusor. É este o rei da mourisca. Com passo grave e magestoso, dirigem-se os sete bailarinos à capella-mór, curvam-se ante o santo, que n'aquelle dia festival sae do seu nicho... e a um signal do homem da corôa, que deixa cahir sobre o escudo a longa espada, rompe o baile, que dura boa meia hora, e que muito se parece com as contradanças francezas. Os paideiros saltam nas mãoes dos dansantes e ferem os áres de agudos sons; o rei, de sceptro em punho repimpa-se cada vez mais, e os dois das bandurras dedilhas as cordas com pericia maravilhosa. - A dansa conclue com segunda genuflexão ao santo em fŕoma de despedida, e à voz do rei da festa, que fazendo uma pirueta firmado no pé esquerdo, brada alto e bom som: Viva meu compadre S. João Baptista! No fim da solemnidade religiosa repete-se a contradansa no adro da egreja, e de tarde em frente da procissão, que percorre as ruas da villa".
A festa dos cavalleiros de Obidos, tal como a descreve padre Malhão, é em tud semelhante à que se fazia em Chaves; em Obidos, a camara ia collocar todos os annos o seu estandarte na vespera de S. João no Convento de S. Miguel das Gaiaeiras, de que era padroeira. Os camaristas iam de capa e volta, montados em cavallos bem ajaezados, e no dia do santo voltavam outra vez ao convento, passando o dia em merendolas pela mata, e regressavam à villa trazendo outra vez o estandarte, flores e canas verdes na mão, com ramos de freixo; passavam a porta mourisca, e davam trez voltas pelas ruas, debandando a cavalhada na praça do commercio.

João Pedro Ribeiro, allude às superstições populares da noite de S. João "entre as mesmas mulheres somente é que se tem conservado entre nós immensas e variadas superstições, que respeitam à noite de S. João Baptista, em tudo identico às que grassavam em Hespanha no século XVI, de que testemunha o conego de Pamplona Martim de Arles, e de Allemanha o bispo Francisco Nansea do mesmo século [...] Na Beira Alta acende-se um facho no cimo dos montes (o galheiro) ou na ceira das azenhas (a roda, que ainda na Alemanha se deixa rolar dos montes). O facho, como escreve Leite de Vasconcelos, é um pouco de lenha em volta de um páo alto. Os rapazes que o vão accender levam musicas de tambores e pífaros, e grandes algazarras. O monte é além disto cercado de pinhas accezas.Nos Açores, fazem-se as fogueiras na rua, e os rapazes saltam por cima das labaredas; o mesmo no Algarve e no Alentejo. Ao saltarem as fogueiras, dizem differentes disticos:

Fogo no sargaço,
Saude no meu braço!

Fogo na giesta,
Saude na minha testa!

Fogo no fieito, Saude no meu peito!


(...) Escreve Baudry no resumo da obra capital de Kuhn: "a fogueira de S. João, sobretudo tem um caracter bem accentuadamente solar." E liga-as a "uma antiga festa pagã, que parece ter tido por objecto conjurar a estiagem, representando o disco de Çushna precipitado nas águas". Lêmos sobre a Festa de S. João, em Niza: "os rapazes e reparigas preparam e accendem com um regosijo inexplicavel as fogueiras de rosmaninho e alecrim, e depois de accesas, saltam e brincam em roda d'ellas, salvando-as, e atiçando-as, e laçando uns aos outros innumeras bomas e outros fogos de artificio, com que por toda a parte se festeja o [santo]: as moças e as donzellas cantam umas em alegre côro acompanhado de pandeiros e almofarizes que tangem certa hamonia e graça, outras em rodinhas de muitas e variadas modas, e outras ao som de violas e flautinhas dansam os antigos fandangos, que já se dansavam em Niza a avelha: - as cachopas vão em grandes ranchos com seus antaros pedrados pucarinhas às fontes apanhar água nova, cantando pelo caminho em louvor do Baptista; e enquanto aguardam a vez, repetem-se as rodinhas e os bailes ao redor dos chafarizes; d'onde voltam de madrugada com grande molhos de alcachofras, que n'esta noite soffrem o martyrio, e flores para as capellas com que ornam as cabeças...; algumas vão ao depois em logar elevado esperar o nascimento do Sol, que n'este dia visto através de uma peneira ou crivo, apresenta muito vistosas posições; outras ficam em casa deitando o seu horóscopo a fim de saberem se o seu amante lhes é fiel, ou o destino que as aguarda; outras finalmente escondem em buracos de velhas e antigas paredes, ovos de gallinhas pretas postas na última sexta feira, e vão logo que amanhece tiral-los, esperando encontrar um formoso diamante, etc.

O caracter amoros do Santo apparece em muitas superstições populares. Em Elvas, na capella de S. João da Corujeira, existe uma grade de ferro na qual as raparigas mordem para obterem do santo o milagre de casarem cedo, O cstume é antiquissimo, por que a grade tem já marcados os signaes dos dentes.

Em uma Ecloga de Sá Miranda se encontra: "Mañan de S. Juan, quando a las flores - Y al agua todos salen". Nas constituições do Bispado de Lamego, prohibe-se "que se colham as hervas, e levem a agua da fonte para casa, ou se lave a gente e os animaes n'ella, antes do Sol nascer...". Todos ests costumes persistem no seu vigor. As ervas são a macella, a salva e o sabugueiro, (Penella) cidreira (Caldas) ou o Feto real, planta mysteriosa que dá o amor e a felicidade.

(...) Na Andaluzia existe uma lenda relativa a este somno (sonho do santo aludido em quadra popular), que para evitar os ruidos das festas no céo (allusão às trovoadas de Junho) o senhor lhe deu um somno que dura trez dias. (...) Sobre os costumes da festa de S. João nos Açores, escreve José de Torres: "Enlevo de moços e desinquietos são nas ilhas dos Açores as fogueiras noctunas na vespera do dia commemorativo do Baptista. As crianças madrugam para consultarem o destino na fórma prophetica que tomara a clara de ovo fresco, mergulhada no copo de agua exposto ao sereno da noite: se é de altar, que prognostique sacerdote; se é de navio que inculque viagens, se é de leito, que diga casamento;] se é de tumba que annuncia proximidade de morte. -Formosas e não formosas cidadãs, com bochecho de agua pura, esperam do acaso a sentença do nome de um conjuge. Camponezas armadas de varapáo e carapuça provincial, acantoadas detraz da porta comem o ovo primicia da gallinha nova, para que o Santo, que não é menos casamenteiro que Santo Antonio nos horisontes de Lisboa, se dê pressa em trazer-lhe o matrimonio e lhes conceda ventura, que assim tambem chamam aquelle primeiro ovo. A alcachofra chamuscada, no refrescar do sereno responde a instantes interrogações de amor. As sortes que a agua hade dar e abriri... As praias, cujas aguas n'esta madrugada têm privilégio de bençâo... Os rostos fazem-se mais formosos e juvenis com a agua serenada: aquella que se toma na bica média de certos chafarizes entre as onzes e a meia noite tem virtudes mysteriosas. Com orações cabalísticas, ante mesa de alvissima cobertura, velha paciente espera toda a noite o rápido desabrchar da penna que a boliana no fim de sete annos de consorcio com o barbasco procria para dar riqueza e felicidade ao que acertar colhel-a ou possuil-a. Se a noite tem encantos, e lôas e cavalhadas, folgares não menos variados tem o dia. De flores e loiros e primicias das fructas do verão se adornam varandas e balcões; as dansas e emmascaradas populares são frequentes". O Combate d Verão contra o Inverno é a Mouriscada, auto dramático popular, quem que mouros e christãos dão relevo histórico à concepção mythica; na ilha Terceira o combate é sunstituido pelo costume singular da corrida de touros.

Eis a descripção da Alvorada de S. Pedro (Ribeira Seca - ilha de S. Miguel): "No dia do Precursor de Christo, 24 de Junho, ao raiar da aurora, um bando de homens a pé percorre as extensas ruas da villa, tangendo diversos e desentoados instrumentos músicos, a fim de advertir os wue cinco dias depois tem de fazer par da Cavalhada. O Dia 29 é esperado pelos moradores da villa e seus arredores com grande anciedade. - No largo, em frente da egreja, apinha-se uma multidão immensa, confundindo suas vozes desentoadas cm o stridor de innumeros tambores, rebecas, violas e concertinas. Findou a festa na egreja. Põe-se a multidão em ordem e desfilla. Na frente marcha o maioral vestido a capricho, em bem enfeitado cavallo; o rosto do cavalleiro é vendado por uma densa máscara; na cabeça avulta-lhe immenso chapép, ornado de grande número de cordões de ouro, brincos e outras joias do mesmo metal (...) Seguem-no quinze ou vinte cavalleiros, adornados como elle, mas sem mascara. Atraz caminha a multidão, mascarada e a pé; uns conduzindo uma récua de lazarentas e infesadas burras, outras uma parelha das mesmas puchando um arado ou uma grade, similhando lavrar a terra, em quanto outros semeam baganha, mimosiando ao mesmo tempo as pessoas presentes com mãos cheias d'esta, lançada cm força contra todos. Alguns ordinhando as burras offertam do mesmo modo o leite aos assistentes.

O bando sempre alegre e sempre tocando a sua música monótona e sem variante alguma pulando continuamente e recitando strophes, ora picantes e allusivas a particulares e auctoridades locaes, ora sem significação conhecida, dirigem-se a todas as ruas onde móra algum ou alguns dos que fazem parte da cavalhada (...) chegadps que são, passam e repassam cinco vezes em frente da casa que vão comprimentar. D'ahi dirigem-se a outra, e do mesmo modo a todas. - São talvez seis horas da tarde, quando o bando alegre mas exhausto pelo cansaço tem chegado de novo ao largo da egreja de S. Pedro. Ahi dão cinco voltas à roda do mesmo e encaminham-se para um logar pouco distante onde se dispersa (...) O maioral é o representante do Santo apósolo; os outros quinze ou vinte - são sempre os imperadores do Espírito Santo no anno futuro dos diversos impérios de toda a villa (...)" Nas crenças populares, diz Hunziker, "S. Pedro substituiu Donar, e é por esta razão que preside ao bom e ao máo tempo". A festa de S. Pedro é uma como continuação da de S. João.

Falta-me postar algo ainda, para só depois reunir os elementos para propor a reconstrução de algo. Smile
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Solstício de Verão (originário da lista Recons-IberoCeltica) Empty Re: Solstício de Verão (originário da lista Recons-IberoCeltica)

Mensagem  M· Diniz Nemetios Sex Nov 25, 2011 1:04 pm

Mais algumas informações que talvez sejam úteis:

Mais informações dos celtas insulares:

CARMICHAEL, Alexander. "Carmina Gadelica". v. III, p. 271 escreveu:
"A Voz do Trovão" (tradução minha - Marcílio Diniz)
O recitador disse: os antigos tinham runas as quais cantavam aos espíritos que vivem no mar e na montanha, no vento e no redemoinho, no relâmpago e trovão, no sol e na lua e nas estrelas do céu. Eu era nada além de uma criancinha na época, mas lembro vem os modos dos antigos. Então veio notícias de despejos, incêndios, e emigração, e o povo assustou-se e separou-se por sobre o mundo, e os modos antigos desapareceram com os antigos. Ó, desapareceram pois, e nada tão bom veio em seu lugar - nada tão bom vem, meu amado, nem nunca virá.

GUTH NA TORAINN [301]

A Dhé na dùla, | ó deus dos elementos
A Dhé na rùna, | ó deus dos mistérios
A Dhé na rùla (cùra?), | ó deus das estrelas (fontes?)
-A Rígh nan rígh! | Ó rei dos reis!
-A Rígh nan rígh! | Ó rei dos reis!

Do shonas an sonas, | tua alegria a alegria,
Do sholas an solas, | tua luz a luz,
Do chogadh an cogadh, | tua guerra a guerra,
-Do shìth an t-sìth, | tua paz a paz,
-Do shìth an t-sìth. | tua paz a paz.

Do chràdh an crádh, | tua dor a dor
Do ghràdh an gràdh, | teu amor o amor
A mhaireas gu bràth, | que dura para sempre,
-Gu crìoch nan crìoch, | ao fim dos fins,
-Gu crìoch nan crìoch. | ao fim dos fins.

Thu sileadh nan às | tua tempestade tua graça
Air muinntir an sàs, | sobre aqueles em aflição,
Air muinntir an càs, | sobre aqueles em aperto,
-Gun tàmh gun dìth, | sem parada sem limite,
-Gun tàmh gun dìth. | sem parada sem limite.

Mhic Mhoire na Pàis, | teu filho de Maria da Páscoa,
Mhic Mhoire na bàis, | teu filho de Maria da morte,
Mhic Mhoire na gràis, | teu filho de Maria da graça,
A bhitheas's a bhàth's | que foste e será
-Ri tràghadh's ri lìonadh; | com vazante com corrente;
A bhitheas's a bhàth's | que foste e será
-Ri tràghadh's ri lìonadh; | com vazante com corrente!

TORANN [302]

Guth an Dé mhóir, | voz do deus grande
Agus cha mhóir ach e. | e ninguém é maior que ele.

E mais:

MCBAIN, Alexander. "Celtic Mythology and Religion". p. 167 escreveu:
(...) The midsummer festival, christianised into St. John's Eve and Day, for the celebration of the summer solstice, is not a specially Celtic (...) feast. The wheels of wood, wrapped round with straw, set on fire, and sent rolling from a hillock summit, to end their course in some river or water, which thus typified the descending course of the sun onward till next solstice, is represented on Celtic ground by the occasional use of a wheel for producing the tinegin, but more especially by the custom in some districts of rolling the Beltane bannocks from the hill summit down its side. Shaw remarks: "They made the Deas-sail (at Midsummer) about their fields of corn with burning torches of wood in their hands, to obtain a blessing on their corn. This I have often seen, more, indeed, in the Lowlands than in the Highlands. On Midsummer Eve, thay kindle fires near their cornfields, and walk round them with burning torches". In Cornwall last century they used to perambulate the villages carryng lighted torches, and in Ireland the Eve of Midsummer was honoured with bonfires round which they carried torches.

Celtas continentais.

O texto abaixo, de Henri Gaidoz é interessante enquanto relato etnográfico de costumes rurais franceses e alemães que o autor advoga descenderem de festividades do tempo gaulês; há muita coisa interessante, sobremaneira aos de foco gaulês, que pode ser reaproveitada apesar de ter teses obsoletas ou que mostraram-se com o tempo simplesmente improváveis; atenho-me apenas a uma parte singela, a título de apresentação.

GAIDOZ, Henri. "Études de Mythologie Gauloise". p. 16 escreveu:
(O autor acredita que o deus com a Roda, Taranus, é o deus Sol... )Nous ne voulons pas faire ici l'histoire (œuvre immense) de la fête de la Saint-Jean; nous voulons seulement rappeler qu'elle est simplement la continuation, avec une étiquette chrétienne, de la fête du solstice d'été, que la roue, symbole de notre dieu gaulois, a joué un grand rôle dans ses rites, et que le souvenir n'en est pas encore perdu, quoiqu'il s'efface tous les jours. Rappelons aussi au lecteur, pour qu'il comprenne mieux les exemples que nous allons citer, que l'idée maîtresse d'une céré- monie religieuse, dans ce qu'on peut appeler les religions de la nature ou naturistes^ est de représenter aux yeux et d'une façon en quelque sorte tangible l'action divine que l'on célèbre et que l'on adore. Ce besoin instinctif d'évoquer la vie divine d'une façon matérielle devant les yeux du corps se retrouve aussi dans la dévotion populaire de la religion chrétienne, et, pour n'en citer qu'un seul exemple, c'est là l'origine des mystères de notre moyen âge. Un usage d'apparence puérile conservé par la tradition dans nos campagnes est un ancien rite, et ce rite était la représentation d'une action divine ; son instrument était comme l'image de l'objet adoré, du dieu.

VI: LA ROUE DANS LA FÊTE DE LA SAINT-JEAN

Nous avons déjà vu au vii siècle saint Éloi prêcher contre les fêtes des solstices. Pendant les premiers siècles de l'Eglise nous
n'avons que de rares notions sur les pratiques populaires; nous ne les connaissons que par de courtes prohibitions des conciles. Mais elles nen subsistent pas moins, et plusieurs siècles plus tard, lorsque l'Église, ne pouvant les détruire, les a tolérées comme amusements traditionnels ou les a acceptées en leur donnant une apparence chrétienne, alors les écrivains commencent à nous donner quelques détails. Il nous faut arriver au xiie siècle pour trouver mention de la fête populaire de la Saint-Jean.

Jean Beleth, théologien du xiie siècle, dans sa Summa de divinis officiis parle des feux et des brandons de la fête de saint Jean-Baptiste, et ajoute qu'en plusieurs lieux on fait rouler une roue. Au siècle suivant le célèbre Durand de Mende (appelé aussi Durand de Chartres) reproduit ces détails dans son Ratiotiale divinorum officiorum. Le sens de ce rite n'est pas perdu pour ces théologiens: cela signifie que le soleil est arrivé au point le plus élevé de sa course, et qu'il ne peut que redescendre, et ils appliquent ce rite, par symbolisme, au culte de saint Jean-Baptiste. En Angleterre, un moine de l'abbaye de Winchelscumbe, qui vivait sous le règne d'Henri VI (première moitié du xve siècle) a laissé dans un manuscrit, conservé au Musée Britannique, la description de fêtes et d'usages de son temps. Il parle de trois sortes est de faire rouler une roue. Un autre écrivain anglais du siècle suivant, qui écrivait sous le nom de Thomas Naogeorgus, décrit la fête avec plus de détails dans son poème Regnum papisticum: « D'autres prennent une vieille roue pourrie et hors d'usage; ils l'entourent de paille et d'étoupe qui la cachent entièrement; ils la portent au sommet de quelque montagne: quand la nuit devient obscure ils y mettent le feu et la font rouler avec violence. C'est un spectacle étrange et monstrueux: on dirait que le soleil est tombé du ciel.» Je fais grâce au lecteur des réflexions de l'écrivain protestant sur l'esprit supertitieux des papistes.

Nous allons à notre époque avoir des récits plus circonstanciés de cette fête où son caractère naturiste et où la signification symbolique de la roue ne laisseront place à aucun doute. La cérémonie de la Basse-Kontz, arrondissement de Thionville, mérite surtout de nous arrêter, par les détails avec lesquels Ta racontée M. Tessier, sous-préfet de Thionville. Le village de la Basse-Kontz est bâti à mi-côte sur la rive gauche de la Moselle et il est dominé par la montagne du Stromberg; il a dépendu longtemps du bourg de Sierk.

Ce fut le dimanche 23 juin 1822, raconte M. Tessier, que je traversai la Moselle, et gravis le Stromberg, à neuf heures, par la nuit la plus obscure... Enfin nous parvenons au sommet, nous voyons le maire, le curé... la réunion était nombreuse, tout individu mâle s'y était rendu. Remarquons bien qu'il n'y avait que des hommes; femmes et filles sont obligées de se tenir isolées à une grande distance. Nous aperçûmes la roue mystérieuse; la paille est disposée avec solidité et de manière à faire disparaître entièrement la roue; l'on ne voit qu'un cylindre de paille pesant de 4 à 500 livres dont le centre est traversé par une perche sortant de trois pieds de l'un et de Tautre côté; cette perche est le gouvernail que saisissent les deux conducteurs de la roue. Tous les habitants ou chefs de famille, avertis préalablement, avaient fourni et porté sur le coteau une botte de paille ; c'est un impôt que Ton acquitte sans contrainte; l'on verrait d'un mauvais œil celui qui s'y refuserait ; et les commères, si le récalcitrant perdait dans Tannée un de ses enfants ou se cassait un bras, ne manqueraient pas d'attribuer ce malheur au refus impie. Cette provision ne peut tout entière être employée à la roue. On fait, du reste, une multitude de petites bottes de paille, semblables à des torches et que Ton peut tenir à la main.

Peu de minutes après notre arrivée, les trois signaux d'usage furent donnés par ordre du maire de Sierk... Une torche enflammée est mise par le maire. entre les mains de l'un de nous, chargé de l'honneur de mettre le feu à la roue. La flamme pétille et s'élève : dix torches s'unissent aux premières pour allumer de toutes parts l'énorme cylindre. Alors deux jeunes gars, vigoureux et lestes, désignés d'avance, saisissent les extrémités de la perche qui sert d'axe ou d'essieu, et dirigent la roue avec rapidité, en suivant le penchant du coteau. De grands cris s'élèvent. Chaque habitant tient à la main une manipule de paille enflammée; il brandit cette torche, il la lance en l'air ; dès qu'elle est consumée, il la renouvelle aussi longtemps que roule, le long de la montagne, le cylindre de feu. Une partie des habitants suit la roue et jouit de l'embarras de ses guides, qui sont obligés d'éviter les cavités que présente le flanc de la montagne et qui ont pour but d'arriver jusqu'à la Moselle et d'y éteindre ce qui reste encore. Il est fort rare que l'on puisse y parvenir. Les vignes plantées jusqu'aux deux tiers de la hauteur du Stromberg les arrêtent et cet obstacle ne peut guère être surmonté. En 1822, les guides de la roue ont eu cette gloire ; aussi la vendange a-t-elle été abondante et terminée dans un temps propice. Dans l'esprit de beaucoup d'habitants, l'heureux voyage de la roue en était le présage assuré... Lorsque la roue passa près
des femmes réunies à mi-côte, ces exilées la saluèrent de plusieurs salves de cris de joie auxquels répondirent les hommes du sommet.

Est-ce que cette cérémonie solaire, conservée avec ses détails caractéristiques, n'est pas plus ancienne, au point de vue psychologique, que les documents de la littérature classique, plus ancienne que la liturgie des hymnes védiques? Elle nous reporte directement à la religion de la nature, au temps où nos ancêtres, imitant les mouvements de la roue brillante qu'ils voyaient dans le ciel, la représentaient comme arrivée au sommet de sa course et devant désormais descendre.

Nous ignorons si la cérémonie s'accomplît encore: ces vieux usages populaires s'effacent et disparaissent tous les jours par le progrès du rationalisme inconscient de l'esprit moderne. La même cérémonie s'accomplissait encore dans notre siècle dans plusieurs villages de la Souabe : c'étaient les enfants (les enfants sont par excellence les conservateurs des vieux rites devenus pour eux des jeux) qui faisaient rouler des roues enflammées du haut des montagnes; mais l'usage a presque partout disparu. Le rite s'accomplit aussi (ou du moins s'accomplissait) en Carinthie. En Poitou, s'il faut en croire d'anciens écrivains, la veille de la Saint-Jean était célébrée de la même manière. «En Poitou, on enflamme encore un bourrelet de paille, fixé autour d'une roue de charrette, et l'on promène cet appareil auquel on attribue le pouvoir de fertiliser les champs'.» Voici un texte qui indique l'existence ancienne d'une roue flamboyante en Lorraine, mais sans mention de l'époque de l'année à laquelle se pratiquait l'usage. «On lit dans une transaction, passée en 1365 entre Mme lolande de Bassompierre, abbessc du chapitre d'Épinal, d'une part, et les magistrats de cette ville d'autre part, que cette dame cède aux habitants de la même ville une portion de forêt, pour être afi'ranchie de l'obligation de leur fournir à l'avenir, chaque année, la roue de fortune et la paille pour la former*. » Nous voudrions donner plus d'exemples français de la roue enflammée, car la Basse-Kontz est en pays de langue allemande ; mais les traditions de nos provinces ont encore été peu étudiées, surtout d'une façon systématique, et il est difficile de se renseigner avec précision, tandis qu'en Allemagne de nombreux et excellents ouvrages permettent de réunir presque immédiatement les faits relatifs aux questions que Ton étudie.

Le 24 juin, les garçons du village allaient de maison en maison quêter (au besoin dérober) la paille, les fagots et le bois nécessaire pour le feu de la Saint-Jean. Le combustible réuni et dûment empilé au sommet de quelque éminence visible de loin, à pente roide et déboisée, le reste de la journée était employé à la confection des disques. Pour cela, on débitait un tronc de sapin en rondelles d'une épaisseur de deux ' à quatre centimètres, sur dix à vingt de large. Chacune de ces rondelles était percée au centre d'un trou, de façon à pouvoir être fixée au bout d'une baguette : les plus zélés enduisaient les leurs de cambouis ou de résine. La nuit venue, quand le feu avait flambé à la satisfaction des villageois, les jeunes gens enflammaient les disques aux cendres du brasier; puis, les fixant solidement au bout d'une baguette de coudrier, forte, flexible et longue de 1™,50 environ, après les avoir promenés en courant et leur avoir fait décrire dans Tair de grands cercles de feu, ils les projetaient au loin, en imprimant à la baguette une secousse brusque. Bien lancé, le disque enflammé, après avoir décrit dans Pair une longue parabole, devait rouler jusqu'au bas de la montagne. Le jeu continuait tant que duraient les munitions. Quand tout était fini, survenait la police locale, qui était chargée, disait-on, de réprimer la coutume, mais qui n'intervenait régulièrement que pour jeter quelques seaux d'eau sur les restes du foyer. C'est ainsi du moins que les choses se passaient sous le gouvernement patriarcal de l'ancien grand-duc. Je doute qu'il en soit de même encore sous le nouveau régime.

[b>Sobre mais material da Península Ibérica:

Estou pesquisando no que tenho de José Leite de Vasconcellos, mas falta-me o terceiro tomo do Religiões da Lusitânia, alguém tem?
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Solstício de Verão (originário da lista Recons-IberoCeltica) Empty Re: Solstício de Verão (originário da lista Recons-IberoCeltica)

Mensagem  M· Diniz Nemetios Qui Dez 15, 2011 3:03 pm

KOCH, John T. "Celtic Culture: a historical encyclopedia". p. 1298 escreveu:
Dia do meio do Verão (24 de Junho), o solstício de verão, é importante em toda a tradição popular nos modernos países Célticos, apesar de que não há evidência de que era celebrado pelos Antigos Celtas [há evidências, claro! citamos muitas aqui na lista já, mas ok]. É também o dia de São João Batista, exatamente 6 meses do Natal, como o Beltane (1º de Maio) [para nós, em novembro] e Samhain (1° Novembro) [em maio] são seis meses separados. É possível que a celebração da data tenha originalmente sido incorporada dos Anglos ou Escandinavos [e no caso da Península Ibérica? E o mundo romano que observava esta data?], onde as celebrações do Solstício de Verão são fortes, mas muito do saber popular atado à data mostra paralelos significantes com o modo como o Beltaine (Calan Mai em Galês) é celebrado, tal como a crença na Bretanha (Breizh) que os defuntos foram transportados na véspera de Todos os Santos (1º de Novembro) e na véspera do Meio do Verão. A mais comum forma de celebração é uma fogueira, mas rituais de divinação eram também praticados, por exemplo, pondo os homens do meio do verão (sedum rosea, uma flor mais comumente conhecida como 'roseroot ') no barro a noite toda para prever a saúde de alguém para o ano vindouro. Na Bretanha era uma ocasião para formar contratos agrícolas ou domésticos. Na Alta Bretanha (Breizh-Uhel ) o fogo era sempre acendido por um Jean (João) ou Jeanne (Joana), e as brasas eram colocadas nos poços para tornar a água melhor. Enquanto o fogo morria as pessoas deveriam saltar sobre o fogo. Na Irlanda (Éire), a maneira pela qual as pessoas saltavam sobre o fogo era dito revelar se elas tinham cometido certos crimes, e as cinzas eram espalhadas sobre os campos. Fergus Kelly tentou identificar Féil na n-airemon (a Festa dos Lavradores) [em gaulês, provavelmente seria uélis ariomanon] com o Dia do Meio do Verão, mas Máire MacNeill sugeriu que isto acontecia no Lugnasad. A data era também importante para o recolhimento de ervas medicinais em todos os países Célticos.

E então, o que podemos sugerir para um rito comunitário?

O que segue abaixo são sugestões gerais que são feitas para serem melhoradas. de modo a aperfeiçoarmos o máximo possível. Então, por favor, fica a vontade para experimentar, criticar e sugerir algo.

Elementos comunitários presentes.


  • Fogueira (inclusive, tendo alecrim e alfazema como combustível)
  • Roda de fogo a ser lançada de cima de um monte para um rio/lagoa; outro símbolo no topo de um monte (roda em um poste ou coluna, rodeado de lenha - o galheiro - a ser inflamada).
  • Benção pelo fogo (circundar campos/plantações com tochas, fazer rolar a roda inflamada pelos cultivos, etc. na Irlanda, mesmo gado, era conduzido por perto de fogueiras, como no Beltaine, pessoas devem pular a fogueira - e dizerem um pequeno verso - ou atravessar o fogo de alguma forma para obterem bênçãos, etc.) ou espalhar cinzas (ou mesmo brasas, claro com devido cuidado para não causar um incêndio!) pelos campos. O manuseio do fogo, em geral, pode ser também trazido para o uso de fogos de artifícios na data.
  • Diversões "rurais" (do tipo "quermesse" junina, brincadeiras, etc.)
  • Banho (comunitário, talvez, incluindo limpeza de animais como gado e cavalos) em fontes, lagos antes do amanhecer.
  • Cavalhada (as cavalgadas, em si têm um tom medieval muito forte) pela cidade, talvez em tom de simulação da perseguição do Inverno (personificado, tradicionalmente na região do ocidente ibérico, por um Porco Negro) ou em tom de triunfo.
  • Música alegre e dança em volta da fogueira/galheiro (coros de mulheres, danças circulares, etc.)
  • Talvez fosse interessante um banquete comunitário, pelo almoço ou festim noite a dentro.


Considerações primárias.

·Local: um rito de tais dimensões, requer um local amplo - preferencialmente que contenha um monte ou colina e um riacho ou lagoa; neste caso, poder-se-ia realizar o rito no santuário próximo (no cume do monte, ou na borda da água) e realizar o acendimento da Roda de Fogo ou do galheiro (como realizar as danças circulares em volta, etc.) no local próprio. Se for feita uma Roda de Fogo para ser lançada, é necessário todo o cuidado para não gerar um incêndio, e isto é muito sério (se for o caso, seria bom até enviar um ofício para Bombeiros, ou ter meios de acioná-los prontamente). No caso de um galheiro, é mais tranquilo. Caso seja feita uma quermesse - e é uma ótima ideia, inclusive para aproximar a comunidade não-pagã e curiosos em geral - é necessário um local plano e toda uma estrutura, assim como para um banquete ou festim. Do mesmo modo, se for realizada algum simulacro de batalha, cavalhada ou corrida para pegar o porco. Ou seja, é um festival que pressupõe um amplo espaço para as atividades comunitárias.

·Horários e organização temporal: organizar os diversos "retalhos" dos costumes populares e testemunhos numa colcha metafisicamente coerente e una, pressupõe organizar as ações no tempo. Neste sentido, o rito começa na véspera ou mesmo na véspera da véspera (dependendo das coisas a fazer), com as preparações comunitárias gerais (do galheiro ou Roda de Fogo) e as preparações domésticas. Pela madrugada, ou antes do sol nascer, é organizado um banho coletivo e colheita de ervas ao som de cantigas populares ou algo assim. Ao nascer do sol, pode ser realizada uma saudação formal e iniciado os demais preparativos. Na manhã, poder-se-ia realizar a corrida do Porco, os demais jogos e diversões, e preparar a cavalhada. O rito propriamente dito, ocorreria ou ao Meio-Dia, seguido de um banquete como almoço, ou já perto do anoitecer - quando acenderia-se o galheiro/roda de fogo e se realizaria o rito de fertilidade (lançando a roda inflamada monte abaixo, dançando uma dança circular em torno do galheiro, depois promovendo pulos da fogueira, etc.), e encerrar-se-ia com um festim de música, bebidas, fogos de artifícios, etc.

Esboço metafísico básico.

O rito marca o máximo do trajeto solar, e por isto mesmo, algo da sua derrocada - como bem conhecido. No geral, os costumes apontam para que a máxima energia solar (que no mundo céltico, é eminentemente ligada a cura, fontes e poços, além de possuir certo cariz feminino em alguns casos) seja aproveitada (na recolha das ervas "carregadas", nos banhos em fontes e poços, etc.) para proporcionar vigor, afastamento de mazelas e beleza. O disco do sol (que pode ter sido forjado em ouro por um deus ligado a forjaria), no mundo Indoeuropeu, tem seu curso delimitado no céu pelo *Deus do Trovão (ou pelo *Deus Céu) sendo puxado por cavalos conduzidos por um deus ou deusa. Esta data marca o ápice deste curso, e engendra o caráter curativo, juvenil e profético (mais que poético e musical, ao contrário do Apollo grecorromano) do rito. O Javali negro (o Javali Cósmico, a representação do caos; no caso português, o porco negro) representa a força invernal, caótica, e sobretudo "submúndica", que mesmo ao ser posto para correr (e creio que antes, era tornado em vítima sacrificial, saboreada no festim da ocasião) parece de algum modo estar relacionado com o definhamento do sol. Seja no modelo mítico por ferir o jovem caçador (encarnação do Sol, que pelo modelo de Kondratiev, seria o gaulês Maponos, depois de ferido pelo javali, é chamado de Moccos; ou o galês Pridery, ou no modelo, segundo Alan Ward do *Fire God gaélico, ou seja como Aengus em seu aspecto de jovem-caçador e curador, e Aodh, em seu aspecto de mensageiro dos deuses, e em seu aspecto infernal como Donn, que preside o mundo dos mortos), antes de morrer e sendo que tal ferimento venha a ocasionar a posterior morte do caçador divino.

No entanto, há também a associação com o deus do trovão, que aponta para a derrocada da seca, do estio (e em muitos lugares têm um caráter de primícia, pois as chuvas só vêm semanas depois), e a vinda necessária de tempestades e chuvas, o fogo celeste - o raio - fertiliza a terra, e livra, derrota os males. Neste caso, a roda de fogo, tem sua associação não necessariamente com o sol, mas como símbolo do deus do trovão céltico que a rola inflamada para destruir tal criatura que "barra" as águas (no caso da Irlanda, parece haver absência do simbolismo da roda a este episódio configurado no Cath Maige Tuired). Outra possibilidade de configuração mítica, seria a da roda como arma, para desbarrar uma criatura (caótica e não ligada a família divina tribal - particularmente, suspeito que a Coca - Cuca no Brasil - seja um resquício folclórico distante deste monstro) que roubara o gado do céu, ou seja, as nuvens, e com isso levara a chuva embora. Ou travara o curso do rio celeste. Qualquer que seja o caso, a roda ígnea é o que possibilita a vinda da chuva, ela é que a desbloqueia e sua repetição ritual possibilita no plano comunitário a comunhão com os símbolos egrégios, e o desbloquear das relações frutíferas entre as pessoas e o meio ambiente; no plano pessoal, desbloqueia a aridez extrema de espírito, o retorno da fertilidade mental e corporal. Este proto-mito pode ser reconstruído com certa segurança do Indoeuropeu, e por causa das evidências epigráficas gaulesas, apesar de não termos nenhum evidência concreta do mundo hispânico. Do mesmo modo que se relaciona a visão mística do Fogo na Água, ondes os elementos primordiais interagem equilibradamente. Caso não seja possível realizar ritualmente a Roda de Fogo, a ereção de uma coluna de madeira com uma roda no topo (o galheiro) serve simbolicamente como representação desta concepção, e é provável que esteja por trás (e seja uma representação mais abstrata) das famosas colunas de Júpiter - onde no topo, se representa justamente o deus Júpiter derrotando (montado a cavalo, ou não) o "monstro" causador do estio maléfico.' Tal eixo, pode ser também inflamado e a dança ao seu redor simula o giro da roda ígnea, sendo simultaneamente, uma maneira de concentração de poder e bênçãos coletivas. Já a cavalhada indicada majoritariamente (e exclusivamente) pelo folclore português, caso tenha real origem Indoeuropeia, provavelmente diz respeito ou a um modelo de triunfo do deus vitorioso (que servira a aristocracia guerreira) ou a uma representação da ajuda dos guerreiros mortais no feito do deus (pois como é sabido, em algumas versões no mundo Indoeuropeu, a divindade é auxiliada por um mortal que é depois "arrebatado"), lutando contra a infertilidade e privação (que podem, de certa forma, também representarem o inverno cruel, daí a luta do Verão contra o Inverno, falada por Théophilo Braga) e sua representação ritual teria por intuito homenagear a divindade, além de ocasionar uma oportunidade de demonstração simbólica de status da aristocracia guerreira e dos cavaleiros. No entanto, acredito que tal cavalhada tenha mais relação com a noção da caçada do javali, e por isto diga respeito mais ao *Deus Caçador/Sol acima.

Vestes e detalhes.

  • Vestes brancas (do oficiante e assistentes, principalmente) e coloridas.
  • Guirlandas na cabeça, arranjos de flores.
  • Enfeites de rodas raiadas, cruzes solares, mastros/clavas, cavalos/bigas, gado etc.
  • Alecrim, alfazema, perfumes silvestres, etc.


Deuses da ocasião.
  • *Sol e/ou deus Jovem (? vd. Deuses e Deusas)
  • *Deus do Trovão/Céu (celtibérico Berkunez, galaico Rēus, lusitano Ioveā/Rēus, vetão Salāmātis, asturiano Tilenos?, etc.)


O rito.

Minha sugestão.
I. Após os preparativos gerais (do local, santuário e espaços que serão utilizados, fogueira, roda de fogo/galheiro, enfeites, etc. e isto inclui a consagração de um santuário se for necessário) o rito é iniciado, com a reunião, purificação (se não de todos, pelo menos dos oficiantes) e afirmação de propósitos; aceso o fogo sagrado.
II. É realizada as invocações aos deuses da ocasião, preparado as oferendas e realizado os sacrifícios iniciais, são cantados os louvores e hinos aos deuses. Poder-se-ia, caso deseje maior ênfase ao *Deus Jovem/Sol, realizar um simulacro da caçada/cavalhada deste e da perseguição do Javali Negro (mais pragmaticamente, do símbolo deste ou de uma oferenda que o simbolize). E uma vez capturado, levado ao altar e exposto seu simbolismo (caso não se deseje sacrificá-lo), depois libertando-o.
III. O rito propriamente dito, consiste no acendimento da roda de fogo/galheiro, após as devidas contextualizações religiosas (narração de um mito, etc.) e no envolvimento dos participantes (seja na carreira atrás da roda ou na dança em tono do galheiro). Após a queima, é requerido um sinal pela aceitação dos sacrifícios; caso sejam aceitos, procede-se o pulo da fogueira (ou mesmo a pira sacrificial) para bênção e aquisição e dádivas. Caso não sejam, é necessário repetir as oferendas.
IV. Os alimentos são consagrados e é realizado um festim ou refeição ritual em prol dos deuses da ocasião.
V. Depois é realizado um agradecimento formal.

É uma sugestão, há muito a comentar e mais detalhes a desenvolver (por exemplo, das oferendas). Espero comentários.
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