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Apiano sobre Iberia III (Guerra contra os lusitanos e Viriato).

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Mensagem  Arkius Ter Jul 29, 2014 10:01 am

Tradução do relato do historiador grego Apiano do século II d.c. que escreveu uma história de Roma, como também narrou sobre a Ibéria. Aqui segue o que registrou sobre as guerras lusitanas e Viriato:

Obs: não sei se o tópico é adequado a esse espaço especifico do fórum, penso que se poderia ter uma seção para historiografia antiga, fica a sugestão.


Apiano sobre Iberia III (Guerra contra os lusitanos e Viriato)



56. “Por este tempo, outra tribo dos iberos autônomos, os chamados lusitanos, sob a liderança de Púnico, se dedicaram a devastar os povos submetidos a Roma, e depois de haver posto em fuga a seus pretores Manilio e Calpurnio Pisón, mataram a seis mil romanos e, entre eles, o questor Terencio Varrão. Púnico, encorajado por estes feitos, fez incurções por toda a zona que se extendia até o oceano e, unindo a seu exército aos Vetões, pois sítio a uma tribo vassala de Roma, os chamados blastofenícios. Se diz que Aníbal o cartagineis havia assentado entre eles alguns colonos trazidos da África e que, por causa disto, recebem o nome de blastofenícios. Púnico, golpeado na cabeça por uma pedra, morreu e lhe sucedeu no mando um homem chamado Káisaro. O tal Káisaro empreendeu combate com Mummio que vinha desde Roma com outro exército e, ao ser derrotado, fugiu. Mas, como Mummio o perseguiu de maneira desordenada, girou sobre si mesmo e fazendo-lhe frente deu morte a nove mil romanos, volveu a recuperar o botin que lhe havia sido tomado em seu próprio acampamento, ao tempo que também se apoderou dos romanos e cogió armas e muitas enseñas que os bárbaros passearam em som de burla por toda Celtiberia.

57. “Mummio se dedicou a fazer exercícios de treinamento dentro do acampamento com os cinco mil soldados que lhe ficaram, temeroso de sair a campo aberto antes de que os soldados houvessem recobrado de novo sua coragem. Esperou ali ao que os bárbaros passaram com uma parte do botin que lhe havian arrebatado, caiu sobre eles de improviso e, apesar de haver dado morte a muitos, recobrou o botin e as insígnias. Os lusitanos do outro lado do rio Tejo e aqueles que já estavam em guerra com os romanos, cujo chefe era Cauceno, se puseram a devastar o País dos Conios que estavam submetidos aos romanos e tomaram Conitorgis, uma cidade importante deles. Atravessaram o oceano junto as colunas de Hércules e alguns fizeram incursões por uma parte da África e outros sitiaram a cidade de Ocilis. Mummio os seguiu com nove mil soldados de infantaria e quinhentos jinetes, matou a uns quinze mil dos que estavam entregues ao saque e a alguns outros, e levantou o assedio de Ocilis. Depois topou casualmente, com os que levavam o produto de sua rapina e matou a todos, de tal maneira que nem se quer logrou escapar um mensageiro dessa desgraça. Depois de haver entregue ao exército o botin que podiam levar consigo, o resto queimou como oferenda aos deuses da guerra. E Mummio, uma vez que finalizou sua campanha, regressou a Roma e foi recompensado com o triunfo.”.

58. “Lhe sucedeu no mando Marco Atilio, quem realizou uma incursão contra os lusitanos, deu morte a setecentos deles e se apoderou de Oxtraca, sua cidade mais importante. Depois de sembrar o pânico entre os povos vizinhos, firmou tratados com todos. Entre estes havia alguns Vetões, limítrofes com os lusitanos. Sem embargo, quando Atilio se retirava para passar o inverno, todos mudaram de parecer de repente e assediaram alguns povos vassalos de Roma. Servio Galba, o sucessor de Atilio, lhes apremió a que levantaram o cerco. Depois de percorrer em um dia e uma noite uma distância de quinehntos estádios, se apresentou ante os lusitanos e emprendeu combate de imediato com o exército cansado. Por fortuna logrou romper as fileiras inimigas, mas se pois a perseguir o inimigo com pouca experiência na guerra. Razão pela qual, ao fazer de forma débil e desordenada devido a fatiga, os bárbaros, ao vê-los disseminados e que detinham a descansar por turnos, se reagruparam e atacando-os deram morte a uns sete mil. E Galba, com os jinetes que estavam a seu lado, fugiu da cidade de Carmona. Aqui recuperou aos fugitivos e, depois de reunir aliados até um número de vinte mil, marchou até o território do cônios e passou o inverno em Conistorgis.”.


59. “Lúculo, que havia combatido contra os Vacceos sem autorização senatorial e, a sazón, se encontrava invernando na Turdetania, ao dar-se conta que os lusitanos faziam incursões contra as zonas próximas, enviou seus melhores lugartenientes e deu morte a quatro mil lusitanos. Matou a mil quinhentos quando atravessavam o estreito perto de Gades, e aos demais, que haviam se refugiado em uma colina, os rodeou de uma paliçada e capturou a um número imenso deles. Então, depois de invadir a Lusitânia, se pois a devastá-la gradualmente. Galba levava a cabo a mesma operação pelo lado oposto. Quando alguns de seus embaixadores vieram a ele com o desejo de consolidar os pactos que haviam feito com Atilio, o general que lhe havia precedido, e que haviam quebrado, os recebeu, firmou uma trégua e mostrou desejo de estabelecer relações amigáveis com eles, já que entendia que se dedicavam a rapina, a fazer a guerra e quebrar os tratados por causa da pobreza: “Pois – lhes digo – a pobreza do solo e a falta de recursos os obrigam a isto, mas eu darei uma terra fértil a meus amigos pobres e os estabelecerei em um País rico distribuindo-os em três partes.”.

60. "Eles, confiando nestas promessas, abandonaram seus locais habituais de residência e encontraram-se aonde ordenou Galba. Este último os dividiu em três grupos e mostrando-lhes uma planície, ordenou-lhes que permanecessem no campo aberto, até que, em seu retorno, eles iriam construir suas cidades. Assim que chegou à primeira seção, ordenou-lhes que, como amigos que eram, ele depusessem as armas. E uma vez que eles haviam feito, eles foram cercados com uma vala e, em seguida, enviou alguns soldados com espadas, matou todos eles em meio a tristeza geral e invocações aos nomes dos deuses e garantias. semelhantemente, também, apressando-se, matou as segunda e terceira secções quando eles ainda eram ignorantes do infeliz destino da traição, traição assim vingador anterior com outra imitação dos bárbaros, mas de uma maneira indigna do povo romano. entanto, alguns deles escaparam, entre os quais estava Viriato, que logo depois se tornou na frente do lusitano, matou muitos romanos e realizou os maiores feitos. Mas essas coisas, que tiveram lugar após o endereço mais tarde. Em seguida, Galba, mais ganancioso homem Lucullus, distribuiu uma pequena parte dos despojos entre o exército e uma pequena parte entre os seus amigos e manteve o resto, embora fosse quase o homem mais rico diz Roma.Se mesmo em tempos de paz mantido deitado e perjúrio por causa de seu desejo de riquezas. E mesmo que ele fosse odiado e ele foi chamado para explicar a acusação, conseguiu escapar por causa de sua riqueza ".

61.  “Não muito tempo depois, todos os que conseguiram escapar da felonia de Lúculo e Galba lograram reunirem-se em número de dez mil e fizeram uma incursão contra Turdetania. Gayo Vetilio vindo desde Roma contra eles com outro exército e assumiu, además, o mando das tropas que estavam na Ibéria, chegando a ter no total dez mil homens. Este caiu sobre os que estavam buscando forrage e, depois de dar morte a muitos, obrigou aos restantes a refugiarem-se em um lugar em que no caso de permanecerem, corriam o risco seguro de morrerem de fome, e em caso de abandoná-lo, de morrerem nas mãos dos romanos. Tal era, em efeito, a dificuldade do lugar. Por este motivo eviaram emissários a Vetílio com ramas de suplicantes, pedindo-lhe terra para habitá-la como colonos e prometendo-lhe que desde esse momento seriam leais aos romanos em tudo.  Ele prometeu entregar (terras) e se dispois a firmar um acordo. Mas, Viriato, que havia escapado da perfídia de Galba e então estava com eles, lhes trouxe a memória a falta de palavra dos romanos e quantas vezes haviam violado os juramentos que haviam dado e como todo aquele exército estava formado por homens que havian escapado a tais perjúrios de Galba e Lúculo. Lhes diz-se que não havia que desesperar de salvar-se daquele lugar, se estavam dispostos a obedecer-lhe.”.

62. “Incendiados seus ânimos e recobradas as esperanças, o elegeram general. Depois de dipor a todos em línea de batalha como se fora apresentar combate, lhes deu ordem de que, quando ele monta-se a cavalo, escapassem se espalhando em muitas direções como pudessen por rotas muito distintas em direção a cidade de Tríbola e que lhe aguardariam ali. Ele elegeu só mil e lhes ordenou colocarem-se ao seu lado. Uma vez efetuadas estas disposições, escaparam ao ponto, tão pronto como Viriato montou a cavalo, e Vetílio, temeroso de persegui-lhes a eles que haviam escapado em muitas direções, deu a volta e se dispois a lutra contra Viriato, que permaneceu quieto e aguardava a que chega-se o momento de atacar. Viriato, com cavalos muito mais velozes, o manteve em xeque, evitando as vezes e outras parando de novo e atacando, e consumiu aquele dia e o seguinte completos na mesma forma cavalgando ao redor. E quando calcuclou que os outros tinham já assegurado sua fuga, então, partiu pela noite por caminhos não usados habitualmente e , com cavalos muito mais rápidos, chegou a Tríbola sem que os romanos fossem capaz de persegui-lo por causa do peso de suas armas, de seu desconhecimento dos caminhos e da inferioridade de seus cavalos. De esta maneira, de modo inesperado, salvou a seu exército de uma situação desesperada. Quando esta estratagema chegou ao conhecimento dos povos bárbaros desta zona, lhe reportou um grande prestígio e se lhe uniram muitos de todos os lugares. E durante oito anos, sustentou guerra contra Roma.”.

A guerra de Viriato.

63. “É minha intenção inserir aqui a guerra de Viriato, que causou com freqüência turbações aos romanos e foi a mais difícil para eles, sobrepondo o relato de qualquer outro sucesso que tiveram lugar na Ibéria por este tempo.
Vetílio, em sua persecução, chegou até a cidade de Tríbola. Mas Viriato, havendo ocultado uma emboscada em uma espessuara, continuou sua fuga até que Vetílio, estevo a altura do lugar e, então, volveu sobre seus passos e os que estavam emboscados saíram de seu esconderijo. Por ambos lados empreenderam a a dar morte aos romanos, assim como a fazê-los prisioneiros e a arrodialos contra os barrancos. Incluso Vetílio foi feito prisioneiro. O soldado que o capturou, ao ver que se tratava de um homem velho e muito obeso, não lhe deu valor algum e lhe deu morte por ignorância. Dos dez mil romanos lograram escapar uns seis mil e chegar até Carpessos, uma cidade situada a orelhas do mar, a qual creio eu que se chamava antigamente Tartessos pelos gregos e foi seu rei Argantonio, que dizem que viveu cento e cinqüenta anos. Aos soldados que haviam fujido até Carpessos, o cuestor que acompanhava Vetílio os apostou as muralhas cheios de temor. E depois de haver pedido e obtido os belos e os titos cinco mil aliados, os enviou contra Viriato. Este matou a todos, assim não escapou nenhum que leva-se a notícia. Então, o cuestor permaneceu na cidade aguardando alguma ajuda de Roma.”.

64. “Viriato penetrou sem temor algum na Carpetânia, que era um país rico, e se dedicou a devastá-la até que Gayo Plaucio chegou de Roma com dez mil soldados de infantaria e mil e trezentos jinetes. Então, de novo Viriato fingiu que fugia e Plaucio mandou em sua persecução uns quatro mil homens, aos quais Viriato, volvendo sobre seus passos, deu morte a exceção de uns poucos. Cruzou o rio Tejo e acampou em um monte coberto de oliveiras, chamado monte de Venus. Alí o encontrou Plaucio e, cheio de premura por manchar sua derrota, lhe apresentou batalha. Sem embargo, depois de sofrer uma derrota sangrenta, fugiu sem ordem alguma para as cidades e se retirou ao seu quartel de inverno desde a metade do verão, sem valor para apresentar-se em nenhum sítio. Viriato, então, se dedicou a percorrer o país sem que nada lhe inquieta-se e exigia a seus detentores o valor da próxima colheita e a quem não o entregava, a destruía.”.

65.  “Quando em Roma se inteiraram destes feitos, enviaram a Ibéria Fabio Máximo Emiliano, o filho de Emilio Paulo, o vencedor de Perseo rei dos macedônios, e lhe deram o poder de levar por si mesmo um exército. Como os romanos haviam conquistado recentemente Cartago e Grécia e acabavam de levar a feliz término a terceira guerra macedônica, ele (Fabio), a fim de dar descanso aos homens que havian vindo destes lugares, elegeu a outros muito jovens e sem experiência anterior alguma na guerra, até completar as legiões. E, depois de pedir outras forças aos aliados, chegou a Orsón, uma cidade da Ibéria, levando no total quinze mil soldados de infantaria e dois mil jinetes. Desde ali, e posto que não desejava empreender batalha até que tive-se treinado seu exército, fez uma viagem através do estreito até Gades para realizar um sacrifício a Hércules. Neste lugar, Viriato, caindo sobre alguns que estavam cortando lenha, deu morte a muitos deles e aterrorizou aos restantes. Quando seu lugartenente os dispois de novo para combater, Viriato os voltou a vencer e capturar um botin abundante. Quando chegou Máximo, Viriato retirava continuamente o exército de ordem de batalha para provocar-lhe, mas aquele recusava um enfrentamento com a totalidade de seu exército, pois todavia estava exercitando-os, ao que, em mudando, sosteve escaramuças muitas vezes com parte de suas tropas para tantear o inimigo e infundir valor a seus próprios soldados. Quando saia a forrajear, colocava sempre ao redor dos homens desarmados a um cordão de legionários e ele mesmo com jinetes pecorria a zona, como havia visto fazer quando combatia junto a seu pai Paulo na guerra macedônica. Depois que passou o inverno, com o exército treinado, foi o segundo general que fez fugir a Viriato, ao que este combateu com valentia; saqueou uma de suas cidades, incendiou outra e, perseguindo em sua fuga a Viriato até um lugar chamado Bécor, lhe matou muitos homens. Passou o inverno em Corduba, sendo este já o segundo ano de seu mando como general nesta guerra. E Emiliano, depois de haver realizado estas campanhas, partiu para Roma, recebendo o mando Quinto Pompeu Aulo”.

66. “Depois disto, Viriato não depreciava já ao inimigo como antes e obrigou a sublevar-se contra os romanos os arevacos, titos e belos que eram povos mais belicosos. E estes sustentaram por sua conta outra guerra que recebeu o nome de “numantina” por uma de suas cidades e foi longa e penosa em grande sumo para os romanos. Eu agruparei também os concernentes a esta guerra em uma narração continuada depois dos feitos de Viriato. Este último teve um enfrentamento com Quintio, outro general romano, na outra parte da Ibéria e, ao ser derrotado, se retirou de novo ao monte Vênus.  Desde ali fez de novo uma saída, deu morte a mil soldados de Quintio e lhe arrebatou algumas insígnias. Ao resto os perseguiu até seus acampamentos e expulsou a guarnição de Ituca. Também devastou o país dos bastetanos, sem que Quintio acudi-se em auxílio por causa de sua covardia e inexperiência. Pelo contrário, estava invernando em Córduba desde metade do outono e, com freqüência, enviava contra ele a Gayo Marcio, um ibero da cidade de Itálica.”.

67. “Ao ano seguinte, Fabio Máximo Serviliano, o irmão de Emiliano, chegou como sucessor de Quintio no mando, com outras legiões e alguns aliados. No total suas forças somavam uns dezoito mil infantes e mil e seicentos jinetes. Depois de escrever cartas a Micipsa, o rei dos Númidas, para que envia-se elefantes o mais pronto possível, se apressou até Ituca levando o exército por seções. Ao atacar Viriato com seis mil homens em meio a um gritario e clamores ao costume bárbaro e com longas cabeleiras que agitavam nos combates ante os inimigos, não se amilano, sim que lhe fez frente com bravura e logrou recharça-lo sem que houvera conseguido seu propósito. Depois que lhe chegou o resto do exército e anviaram da África dez elefantes e trezentos jinetes, estabeleceu um grande acampamento e avançou ao encontro de Viriato, e depois de pólo em fuga, empreendeu perseguição. Mas, como esta se fez em meio a desordem, Viriato, ao percartar-se dele durante sua fuga, deu meia volta e matou a três mil romanos. O resto os levou encurralando-os até seu acampamento e os atacou também. Só uns poucos lhe opuseram resistência a dura penas ao redor das portas, mas a maioria se precipitou no interior das tendas por causa do medo e tiveram que ser tirados com dificuldade pelo general e tribunos. Nesta ocasião destacou em especial Fanio, o cunhado de Lelio, e a proximidade da noite contribuiu a salvação dos romanos. Mas Viriato, atacando com freqüência durante a noite, assim com a hora da canícula, e apresentando-se quando menos se esperava, acossava aos inimigos com a infantaria ligeira e seus cavalos muito mais velozes, até que obrigou Serviliano a regressar a Ituca.”.

68. “Então, por fim, Viriato, falto de provisões e com exército diminuido, pois fogo em seu acampamento durante a noite e se retirou a Lusitânia. Serviliano, como não pode dar-lhe alcance, invadiu a Bertúria e saqueou cinco cidades que se haviam posto ao lado de Viriato. Com posterioridade, fez uma expedição militar contra os Cúnios e, Dalí, se apressou, uma vez mais, em direção aos lusitanos contra Viriato. Enquanto estava a caminho, Curio e Apuleyo, dois capitães de ladrões, o atacaram com dez mil homens, provocaram uma grande confusão e lhe arrebatarm o botin. Curio caiu na luta, e Serviliano recobrou seu botin pouco depois e tomou as cidades de Escádia, Gemela e Obólcola, que contavam com guarnições estabelecidas por Viriato, e saqueou outras e, incluso, perdoou a outras mais. Havendo capturado a dez mil prisioneiros, lhes cortou a cabeça a quinhentos, e vendeu os demais. Depois de aprisionar a Cónnoba, um capitão de bandoleiros que se rendeu, lhe perdoou só a ele, mas cortou as mãos de todos os seus homens.".

69. “Durante a perseguição de Viriato, Serviliano começou a rodear com um fosso a Erisana, uma de suas cidades, mas Viriato entrou nela durante a noite e, ao raiar do dia, atacou aos que estavam trabalhando na construção das trincheiras e lhes obrigou a lançar as lanças e empreenderem luta. Depois derrotou de igual maneira e perseguiu ao resto do exército, desdobrado em ordem de batalha por Serviliano. O encurralou em um precipício, de onde não havia escape possível para os romanos, mas Viriato se mostrou altaneiro neste momento de boa fortuna sem que, pelo contrário, considerando que era uma boa ocasião de por fim a guerra mediante um ato de generosidade notável, fez um pacto com eles e o povo romano o ratificou:  que Viriato era amigo do povo romano e que todos os que estavam debaixo do seu mandato eram donos das terras que ocupavam. Deste modo parecia que havia terminado a guerra de Viriato, que resultou na mais difícil para os romanos, graças a um ato de generosidade.".

70. “Sem embargo, os acordos não duraram nem sequer um breve espaço de tempo, pois Cepión, irmão e sucessor no mando de Serviliano, o autor do pacto, denunciou o mesmo e enviou cartas afirmando que era o mais indigno para os romanos. O senado em um princípio concordou com ele para que hostiliza-se as ocultas a Viriato como estima-se oportuno. Mas como volvia a carga de novo e mandava continuas missivas, decidiu romper o tratado e fazer guerra a Viriato abertamente. Quando isto se fez público, Cepión, se apoderou da cidade de Arsa, abandonada por Viriato, e a este que havia fugido destruindo tudo a seu passo, lhe deu alcanse na Carpetania com forças muito mais numerosas. Por esta razão, Viriato não julgou conveniente empreender um combate com ele, dada a inferioridade numérica de suas tropas, e ordenou retirada ao grosso de seu exército por um desfiladeiro oculto; ao resto o pois em ordem de batalha sobre uma colina e deu a impressão de que desejava combater.  E quando se inteirou de que os que haviam sido enviados previamente se encontravam em um lugar seguro, se lançou a galope depois deles com desprezo do inimigo e com tal rapidez que nem se quer seus perseguidores se perceberam por onde se havia marchado. E Cepión se voltou para os vetões e calaicos e devastou seu país.”.

71. “Como emulação dos feitos de Viriato, muitos outros bandos de salteadores fazian incursões pela Lusitania e a saqueavam. Sexto Junio Bruto foi enviado contra estes, mas perdeu a esperança de poder perseguí-los através de um extenso país ao que circundavam rios navegáveis como o Tejo, Letes, Douro e Betis. Considerava, em efeito, que era difícil dar alcanse a gentes que, como precisamente os salteadores, mudavam de lugar com tanta rapidez, a tempo que resultava humilhante fracassar no intento e tão pouco comportava glória alguma no triunfo da empresa. Se voltou, por tanto, contra suas cidades na espera de tomar vingança, de proporcionar ao exército um botin abundante e que os salteadores se dispersassem para suas respectivas cidades, quando viram em perigo suas casas. Com esse propósito se dedicou a devastar tudo o que encontrava a seu passo, as mulheres lutavam ao lado dos homens, e morriam com eles, sem deixar escapar jamais grito algum ao ser degoladas. Houve alguns que escaparam também as montanhas com quanto puderam levar. A estes quando pediram, os perdoou Bruto e fez lotes com seus bens.”

72. “Depois de atravessar o rio Douro, levou a guerra a muitos lugares reclamando grande quantidade de rehenes a quem lhe entregavam, até, que chegou ao rio Letes, e foi o primeiro romano que proyecto cruzar este rio. O cruzou, em efeito, e chegou até outro rio chamado Minho e fez uma expedição contra os Brácaros, que lhe haviam arrebatado as provisões que levava. É este um povo enormemente belicoso que combate juntamente com suas mulheres que levam armas e morrem com ardor sem que nenhum deles faça gesto de fuga, nem mostre suas costas, nem deixe escapar um grito. Das mulheres que são capturadas, umas se dão morte a si mesmas e outras, incluso, dão morte a seus filhos com suas próprias mãos, alegres com a morte que com a escravidão. Algumas cidades que então se passaram ao lado de Bruto se sublevaram pouco depois e Bruto as submeteu novamente.”

73.  “Se dirigiu contra Talábriga, cidade que com freuquência havia sido submetida por ele e que volvia a sublevarse causando-lhe problemas. Também naquela ocasião lhe solicitaram o perdão seus habitantes e se renderam sem condições. Ele lhes exigiu, em primeiro lugar, aos desertores romanos, aos prisioneiros, todas as armas que possuíam e ademais disto, reféns; depois lhes ordenou que abadonassem a cidade em companhia de seus filhos e mulheres. Quando também lhe houveram obedecido nisto, os rodeou com todo seu exército e pronunciou um discurso reprovando-lhes quantas vezes se haviam sublevado e haviam renovado a guerra contra ele. Depois de haver-lhes infundido medo e de dar a impressão de que ia infligir-lhes um castigo terrível, cessou em suas reprovações e lhes dexou volver a sua cidade para que a seguissem habitando ao contrário do que esperavam, pois lhes haviam tomado seus cavalos, o trigo, quanto dinheiro possuíam e qualquer outro recurso público. Bruto, depois, de haver realizado todas estas empresas, partiu para Roma. Eu anexei estes feitos a narração de Viriato, posto que foram provocados por outros salteadores ao mesmo tempo e por emulação daquele”.

74. “Viriato enviou seus amigos mais fiés, Audax, Ditalcón e Minuro, a Cepión para negociar os acordos de paz. Estes, subornados por Cepión com grandes regalos e muitas promessas, lhe deram sua palavra de matar Viriato. E o levaram a cabo da seguinte maneira. Viriato, devido a seus trabalhos e preocupações, dormia muito pouco e a mais das vezes descansava armado para estar disposto a tudo de imediato, em caso de ser despertado. Por este motivo, lhe estava permitido a seus amigos visitar-lhe durante a noite. Graças a este costume, também nesta ocasião os sócios de Audax aguardando-lhe, penetraram em sua tenda no primeiro sono, sob pretexto de um assunto urgente, e o feriram de morte no colo que era o único lugar não protegido pela armadura. Sem que nada se percebe-se do ocorrido por causa do certeiro golpe, escaparam ao lado de Cepión e reclamaram a recompensa. Este nesse mesmo momento lhes permitiu desfrutar sem medo do que possuíam, mas no tocante a suas demandas os enviou a Roma. Os servidores de Viriato e o resto do exército, ao fazer-se de dia, crendo que estava descansando, extranharam a causa de seu descanso desacostumadamente grande e, finalmente, alguns descobriram que estava morto com suas armas. Ao ponto os lamentos e pesar se extenderam por todo o acampamento, cheios todos de dor por ele e temerosos por sua segurança pessoal ao considerar que classe de riscos estavam imersos e de que general haviam sido privados. E por este motivo, que mais lhe afligia era o feito de não haver encontrado os autores.”.

75. “Depois de adornarem esplendidamente o cadáver de Viriato, o queimaram sobre uma pira muito elevada e ofereceram muitos sacrifícios em sua honra. A infantaria e a cavalaria correndo ao seu redor por esquadrões com todo seu armamento rompiam em elogios ao modo bárbaro e todos permaneceram em torno do fogo até que se extinguiu. Uma vez concluído o funeral, celebraram combates individuais junto a sua tumba. Tão grande foi a nostalgia que dele deixou para trás Viriato, um homem que apesar de ser bárbaro, esteve provido das qualidades mais elevadas de um general; era ele o primeiro entre todos a se arrostar ao perigo e o mais justo na hora de repartir o botin. Pois jamais aceitou tomar porção maior embora lhe pedissem em todas as ocasiões, e incluso aquilo que tomava o repartia entre os mais valentes.  Graças a ele teve um exército com gentes de diversas procedências sem conhecer nos oito anos desta guerra nenhuma sedição, obediente sempre e absolutamente disposto a arrostar sobre os perigos, tarefa difissílima e jamais conseguida facilmente por nenhum general. Depois de sua morte elegeram Táutalo, um deles, como general e se dirigiram a Sagunto, cidade que Anibal, havia tomado, fundado de novo e dado o nome de Nova Cartago, em recordação a sua pátria. Quando foram rechaçados Dalí e estavam cruzando o rio Bétis os atacou Cepión e, finalmente, Táutalo exausto se rendeu com seu exército a Cepión, sob condição de que fossem tratados como um povo submetido. Os despojou de todas suas armas, e lhes concedeu terra suficiente, a fim de que não tivessem que praticar o banditismo por falta de recursos. E deste modo acabou a guerra de Viriato.”

Fonte "original": Apiano,Historia de Roma,Sobre Iberia.
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Última edição por Breno em Qui Jan 21, 2016 6:29 pm, editado 1 vez(es)
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 Apiano sobre Iberia III (Guerra contra os lusitanos e Viriato). Empty Re: Apiano sobre Iberia III (Guerra contra os lusitanos e Viriato).

Mensagem  M· Diniz Nemetios Qua Jul 30, 2014 8:49 pm

Maravilha Breno, agradeço o esforço! Pois é, realmente é bom ter um seção específica (neste caso, como "fonte" ou recurso bibliográfico) para tais textos. Há muita coisa a fazer ainda cá no fórum e o tempo e outros afazeres não ajudam muito, mas vejamos.

Abração e saudações!
M· Diniz Nemetios
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