Recons IberoCeltica
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Calendário, discussão geral

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Mensagem  M· Diniz Nemetios Qua Jan 04, 2012 9:32 pm

Saudações.

Este tópico é para discutirmos e apresentarmos as fundamentações gerais de um calendário litúrgico atual para nossas práticas.

Do site senakokredima, de minha autoria:
Estrabão (Geog. III, iv: 16) escreveu: (...) mas os Celtibéricos e sues vizinhos ao norte oferecem sacrifício a um deus sem nome nas estações de lua cheia, à noite, na frente das portas de suas casas e todos as famílias dançam em coros e o fazem durante toda a noite.

O que temos de evidências do antigo sistema de calendário das tribos célticas da ibéria?
  • O registro acima, de que a cada lua cheia se realizavam danças e músicas (provavelmente em homenagem de uma divindade relacionada ao controle temporal - como Dagda irlandês, ou mesmo como ao romano Joves - a quem se dedicava os Idos de cada mês, que no antigo calendário romano, caía na lua cheia).
  • Os templos atlânticos do ocidente peninsular, que possuem alinhamentos solares e foram (alguns) utilizados em tempos célticos como Penas de Rodas, Pedra da Cabeleira e a Pedra do Sol.
  • Por sua vez, o templo de Segeda também possui alinhamentos que revelam as observâncias solares (Solstícios e Equinócios) e lunares, indicando que no âmbito religioso, como entre os demais Indoeuropeus, há um cariz lunissolar.


Quais as evidências concretas que temos de festividades religiosas celebradas?
  • Registros grecorromanos de festividades pela literatura, mas sem indicação de data – como nos relatos das guerras de Viriato, ou de Numância, etc.
  • Ara de Marecos (clica para ver minha interpretação).
  • Alinhamentos de santuários (como relatado acima, do de Segeda e dos da Callaecia, etc.) indicando observância dos Solstícios e Equinócios.
  • Talvez haja algo que indique a observâncias das chamadas "4 festas célticas", como alguns defendem que seja o caso do calendário vetão, inferido da necrópoles de Osera ou do Castro de Úlaca, ou mesmo do santuário do Raposo na Galiza. Ainda pode-se tentar inferi-las das festas populares-folclóricas da zona atlântica, como o Entrudo, Magusto e os Maios.


Por incrível que pareça, inequivocamente, em termos arqueológicos, se tem mais evidência das celebrações dos solstícios e equinócios do que das chamadas "4 festas célticas". Daí que tomar no calendário, apenas as ditas quatro festas irlandesas, ignorando por completo os solstícios, equinócios e lunações, é ignorar as evidências das tribos célticas da Ibéria, de fato.

O que temos, dos povos próximos?
Recorrer aos sistemas de calendário dos demais povos Indoeuropeus que estiveram presentes na península é interessante metodologicamente, não só pela herança comum do ocidente Indoeuropeu, quanto pela razoabilidade de um eventual contato (com os gregos ao sul, por exemplo).
Calendário Ático.
O ano começava pelo primeiro avistamento da lua nova, após o solstício de verão (na Beócia, o ano começava após o solstício de inverno), no mês Ἑκατομβαιον (Hekatombaion "mês de hecatombe"). Todo mês se iniciava no primeiro avistamento do fino arco de prata da lua nova (numênia > νουμηνία), e possuia 29 (chamados "ocos, cavernosos") ou 30 ("completos") dias; os meses eram divididos, grosso modo, em 3 grupos de 10 dias, relacionados com a crescente, a cheia e a minguante (o último dia era ἥνα καὶ νήα, hēna kaì nēa, "velha e nova"). Era um calendário lunissolar composto de 12 meses, sendo no terceiro ano acrescentado um mês intercalar (geralmente repetido o mês Poseideon, apesar de ser atestado a repetição do mês 1, 2, 6, 7 e 8 ) somando 13 meses em alguns anos, para "compensar" os ciclos lunares e solares. Vários ciclos de eram vistos como o Metônico (dos astrônomos gregos Metão e Euctemo contemporâneos de Platão) de 19 anos.

No geral, o ajustamento lunissolar era bastante necessário para "casar" os ciclos de colheita e plantio com os festivais religiosos. Este é o modelo que veremos na Roma Arcaica e no Calendário Gaulês de Coligny. Em todo caso, a agricultura não era o eixo principal do calendário, antes os festivais sagrados (ou seja, o ano litúrgico). Geralmente os dias 1-4, 6-8 eram santificados à certos deuses (ao "nascimento" > celebrado mensalmente, e não anualmente como entre nós) ou heróis. Eram postos dias "proibidos" (poderíamos dizer 'nefastos'), cerca de uns 15 por mês (ou seja, cerca da metade) onde o comércio e transações não era permitidas ou recomendadas.

Havia também um calendário político que dividia o ano em 10 meses (após a re-organização das tribos atenienses em 10, e não mais em 4, com as reformas democráticas, cada mês era nomeado pela tribo que presidia ou pela ordem numérica) > sendo arbitrariamente alheio aos ciclos sazonais e lunares, sendo 6 meses de 37 dias e 4 de 36. No geral, muitas das convenções e mesmo dias sagrados eram alteradas por motivos diversos: prolongar guerra, festivais, etc.

Paralelamente à estes dois sistemas de computação do tempo, havia o sistema mais propriamente "agrícola", de caráter mais solar e sazonal, com as amplas divisões das estações, marcadas pelo surgimento de certas estrelas e evidências diretas da bio-região, como florações, migrações de pássaros, etc. (basta ler o altamente recomendado "Trabalhos e dias" de Hesíodo para ver). Ou seja, na época de Platão os atenienses e as cidades diretamente vinculadas à Atenas, viviam muito bem com 3 calendários paralelamente: um litúrgico que regulavam a vida religiosa, um político-administrativo e um agrário. Obviamente que havia interações e interferências entre os três, em certas ocasiões, mas funcionavam paralelamente.

Calendário Romano.
Em dada época os romanos adotaram um sistema de calendário lunissolar bastante interessante, o calendário de Numa. Como o ático, com a necessidade de um mês intercalar. É ver o link acima para ter uma ideia.

O Calendário Sequano de Coligny.
O Calendário de Coligny, provavelmente pertencente as tribos gaulesas sequanas, tinha um sistema parecido. É o único calendário celta de origem pré-romana que temos, o que não restringe a provabilidade de ser tão "regional" quanto o ático, apesar das semelhanças com os demais calendários do tipo (como o romano de Numa, acima)... Grosso modo, é um calendário lunissolar, que também requer um mês intercalado no terceiro e quinto ano (após o sexto mês no 3º e após o décimo-segundo no 5º), possuindo 12 meses (eventuais 13), também com 29 (chamados "incompletos, nefastos"), 30 (chamados "propícios, completos") dias; o ano se inicia no mês Samoni (que alguns relacionam com o meio do outono e outros com o meio da primavera). No geral, parte do calendário têm sido interpretado no confronto de evidências célticas da literatura medieval insular (Britônicas e Gaélicas, que nem sempre têm ajudado a interpretar razoavelmente). Os meses são divididos em 2 metades de aproximadamente 15 dias, por um dia chamado atenoux (que alguns leem como "renovação" outros como "re-noite, noite novamente" etc.). O início dos meses não é tão claro, com base no testemunho de Plínio, o velho (Hist. Nat. xvi: 95) se considera que os meses se iniciam no sexto dia de lua visível; outros consideram com base na visão gaélica de "início no escuro" (o ano que inicia na parte escura, etc.) que os meses iniciariam na lua negra. O ano também parece ser divido em 2 metades, "inverno" e "verão". O calendário marca diversos dias e eventos de cunho religioso (e talvez político e/ou agrário) durante o ano que ainda não foram interpretados com um mínimo consenso satisfatório pelos estudiosos.

Recentemente foi descoberto outro calendário céltico, lunissolar, marcado pelos alinhamentos de um templo na região da Floresta Negra na Alemanha (clica para ver).

Calendário Germânico.
No mundo germânico, os meses (pelo menos etimologicamente) estão diretamente relacionados aos ciclos da lua e o ano parecia começar com o solstício de inverno. vd. Beda De mensibus Anglorum (in: De temporum ratione).

O que mais há?.
  • Escritos da Idade Média - há muita coisa relativa ao mundo Ibérico da Idade Média, que só um trabalho extensivo poderia decidir o que é herança iberocéltica genuína, da influência germânica (sueva e visigótica), além da grecorromana e mesmo árabe. Daí que, por exemplo, os tratados sobre Astrologia e horas planetárias talvez tenham algo útil que ignoro. Assim como documentos medievais de origem legal (códices visigóticos, etc.).
  • Outro ponto a se especular é o relativo às sobrevivências no folclore, onde novamente é necessário um estudo extensivo para determinar a origem de certas concepções. No entanto, pela assimilação popular, as práticas folclóricas têm lá sua legitimidade enquanto continuum histórico – a questão é que, metafisicamente, geralmente as práticas folclóricas chegam um tanto quanto fragmentárias, ou já parcialmente descontextualizadas (pelos séculos de cristianismo), e é necessário todo um trabalho de genealogia conceitual que para ter sucesso depende da reconstrução geral dos mitos perdidos. Trabalho, às vezes, impossível ou terrivelmente desgastante para o interesse religioso.
  • Sem contar que há a possibilidade dos arqueólogos descobrirem uma placa de metal ou pedra nas antigas regiões célticas da Hispania, contendo um calendário... Mas isto pode, igualmente, nunca acontecer...


Ok, por isto mesmo, qual a necessidade de tentar (re)construir algo hoje em dia, para a prática espiritual? Não seria um trabalho desnecessário?.
Formular um calendário litúrgico é necessário, tanto por dar corpo temporalmente consistente as atividades religiosas ao longo do ano, quanto por permitir ao que se dedica a uma relação mais devocional, significar e simbolizar o sagrado no tempo. A questão é que o modo como isto é feito varia da abordagem do iberoceltista. Se é um iberorromano/hispanorromano, pode optar por simplesmente utilizar o calendário romano (da Nova Roma, por exemplo) adicionando algumas sutilizes iberocélticas (datas especiais, como a registrada pela Ara de Marecos), ou realizando uma interpretatio iberoceltica (ou seja, realizando o processo inverso a interpretatio romana: interpretando os deuses romanos, à céltica). Tal processo, estaria em consonância com o ocorrido após séculos de dominação romana, mas por outro lado, não seria um calendário próprio aos iberoceltistas. Seria um calendário romano, com leves nuances, mas ainda romano. Ora, isto pode não ser problema para alguns, mas outros não se identificam com isto, e para estes é que tal calendário é necessário. Ora, mas porque não simplesmente adotar o calendário civil (gregoriano), como sendo religioso? Ora, primeiro pelo fato deste calendário, estruturalmente, não realçar um ciclo importante religiosamente para as tribos célticas da Ibéria: o lunar. Segundo, por que mesmo considerando as lunações dentro do calendário civil, se tem o trabalho a mais e nem sequer rodear o vislumbre da percepção temporal diferente (de os “dias” começando pelas noites, e de – ao longo dos anos – perceber o “caráter” de cada lunação, etc.). Além de que, um projeto de restauração/reconstrução religiosa sem um calendário que lhe fora próprio (mesmo que construído de forma descaradamente moderna e aceite como tal) ficaria um tanto quanto incompleto.

E qual metodologia?.
Parto do seguinte:
1. Considerar as evidências concretas (da arquelogia e testemunhos literários grecorromanos).
2. Preencher as lacunas com a) suposição embasada na comparação de modelos das culturas Indoeuropeias próximas e célticas em particular, b) testemunhos do folclore ou de textos medievais e c) suposições mais gerais, embasadas no mundo Proto-Indo-Europeu. Fora isto, talvez seja interessante considerar d) aspectos sazonais-agrícolas, ou estelares relativos ao hemisfério e local.
3. a) preferir a funcionalidade e simplicidade, à complexidade infundada ou desnecessária; b) na dúvida de interpretações ou na equipolência de hipóteses que não sejam baseadas diretamente em evidências, preferir o que for mais cômodo e aceite pela comunidade mais ampla.
Fora isto, deve ter-sem o bom senso de pensar algo que seja plausível historicamente, na medida do possível, e de claro o caráter moderno e o propósito contemporâneo de tal calendário.

O que podemos supor, razoavelmente, então?.
  • Calendário lunissolar observando as lunações, os solstícios e equinócios. (inferido de 1 na Metodologia proposta acima)
  • Calendários regionais: que hoje se refletiria em dois protótipos de calendários básicos, um para o Hemisfério Norte (HN) outro para o Hemisfério Sul (HS), além da liberdade de cada grupo organizar seu calendário (mesmo seu início), datas festivas, etc. (inferido de 1 e 2.a, 2.c e 2.d)
  • Calendários sobrepostos/paralelos ou simultâneos relacionados as diversas atividades sociais: o que se refletiria hoje na aceitação de um calendário civil (o calendário comum ocidental, o gregoriano) e de um litúrgico, por exemplo. Como fazem outras pessoas de religiões étnicas (hinduístas, e mesmo judeus que vivem nos países ocidentais, por exemplo). (inferido de 2.a e 3.a)
  • Observância das festas célticas, de acordo com as datas convencionadas no calendário gregoriano (inferido de 2.a, 2.b e 3.b¹)


------
¹Determinar as 4 festas célticas pelas lunações parece extremamente apropriado para um calendário lunissolar e estaria fundamentado, em última instância, no registro do TRINOX·SAMON·SINDIV em II pós-ATENOVX no Calendário de Coligny. O Problema, é que não se sabe ao certo ainda em que lua começava o mês (e por decorrência não se sabe, de fato, em qual período lunar é o TRINOX) além que, mesmo se determinado inequivocamente que tal festa é de fato, o Samain irlandês (e há controvérsias), só haveria uma determinação para uma das 4 festas... restaria saber em que lunação ocorreriam as outras. Daí que isto se encaixa no ponto 3.b posto na Metodologia acima, e por isto, é mais simples decidir de observar tais datas como feito pela comunidade neo-pagã.

A proposta do calendário litúrgico comum para os iberoceltistas.
A estrutura é a adaptada do Calendário de Coligny, por ser o exemplo de calendário céltico continental mais próximo ao ático e ao romano de Numa. O que implica dizer que teremos meses de 29 ou 30 noites, sendo que a cada 2,5 anos é requerido um mês intercalar para o alinhamento com o ano solar. O ano é divido em duas metades, a parte clara e a escura, começando na parte escura do ano, na primeira lunação após o Equinócio de Outono (como referido em certo horoscopo irlandês). Cada mês é divido em duas partes e inicia na lua nova, de modo que o meio do mês corresponda a lua cheia (aproximando-se da antiga noção dos Idos, do calendário romano de Numa). O “dia” (período de 24h) do calendário, inicia ao anoitecer. A marcação de dias “auspiciosos” (MATVS) e “nefastos” (ANMATVS) eu suspendi – por desconhecer a base de tal marcação, se é de origem estelar (que talvez pudesse variar de acordo com hemisférios, etc.), ou de outro feitio. É óbvio que isto não quer dizer que não existam dias “nefastos”, mas apenas que isto deve ser melhor visto com a experiência de uso do calendário e possivelmente pode variar (de acordo com hemisférios, ou mesmo grupos, etc.).
Para o nome dos meses, proponho o seguinte:

Protocéltico *mīns, "mês":
i. *mīns samoni- (“assembleia, reunião”)
ii. *mīns kentu-gyiamo- (“primeiro inverno”,)
iii. *mīns medyo-gyiamo- (“meio inverno”)
iv. *mīns ambi-wolko-yā (“lavagem, banho ao redor”)
v. *mīns uφer-kwenno-gyiamo- (“fim do inverno”)
vi. *mīns ati-genyo- (“renascimento”)
vii. *mīns belo-teφnet- (“fogueira forte, benéfica”)
viii. *mīns kentu-sameino- (“primeiro verão”, irlandês antigo “cét-shamain, céitein”, galês antigo “cyntefin”)
ix. *mīns medyo-sameino- (“meio verão”, galês antigo “mehefin”)
x. *mīns Lugu-nad-sk-āti- (“atamento de Lugus”)
xi. *mīns uφer-kwenno-samo- (“fim do verão”, galês atigo “gorffenaf”)
xii. *mīns sido-bremo- (“pertencendo aos cervos”, galês antigo “hydref”)
xiii. *enter-medyo- (“intermédio”)

Em celtibérica, lusitânico e galaico provavelmente teríamos:
i. meiz samono, mīs samoni (ou 'samonii/samani')
ii. meiz ketugiamo, mīs centugiami (ou 'centugiemi')
iii. meiz mezogiamo, mīs mediogiami (ou 'mediogiemi')
iv. meiz ambiuolkiās, mīs ambivolciās
v. meiz uerkuennogiamo, mīs verpennogiami (gal.) verquennogiami (ou 'verp/quennogiemi')
vi. meiz atigenio, mīs ategenii
vii. meiz belotenetos, mīs belotenedos
viii. meiz ketusameino, mīs centusamīni
ix. meiz mezosameino, mīs mediosamīni
x. meiz lugunassātios (ou 'lugunassāitos'), mīs lugunassādios
xi. meiz uerkuennosamo, mīs verpennosami (gal.) verquennosami
xii. meiz sidobremo, mīs sidobremi
xiii. meiz entramezo (ou 'entermezo'), mīs entermedii

Datas litúrgicas
  • Em cada mês, a segunda noite marca o rito doméstico da lua nova, o meio do mês (noite 15) o rito de lua cheia e o dia 14 depois da cheia (ou seja, o dia 29) o rito de lua negra.
  • Solstícios e Equinócios, sendo contados desde a véspera. Além da data da Ara de Marecos (que para o HS defendo que seja possível celebrar no rito de Equinócio Vernal).
  • Festas célticas, de acordo com o calendário gregoriano (ou numa lunação adotada pelo grupo), sendo contados da véspera também.
  • Outras datas relevantes: observação religiosa de datas seculares (feriados e datas nacionais, dias mundiais ou internacionais de algo considerado como relevante ou dotado de significado religioso, etc.), e datas elegidas pelo grupo para celebração de alguma divindade em especial (repaganização de festividades do catolicismo popular, ou data determinada por SPG, etc.)


Estes são, basicamente, os fundamentos do calendário litúrgico que proponho. Dúvidas, sugestões ou críticas?
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Mensagem  Manuel Araújo Qui Jan 05, 2012 11:15 am

Um bom começo, sem dúvida. Agora lembrei-me que podia ter postado a conversa sobre o tema no fórum Recons Iberoceltica, mas enfim.
De qualquer forma, está um ótimo começo, apesar de não sabermos praticamente nada sobre os médotos célticos da Ibéria de contar o tempo.
Gostava ainda de adicionar que Deiniol Jones também tem um projeto semelhante que pode ser visto aqui: http://pt.scribd.com/doc/41711977/The-Moriconion-Liturgical-Calendar

Achei que podia partilhar aqui o meu próprio calendário, no que toca a nomes de meses, inspirado pelo de Coligny e pelos que têm sido divulgados aqui e por alguns nomes de meses atuais dos "países célticos".

Nota: presumo (talvez erradamente) que houve a seguinte evolução de proto-céltico para gaulês - *mīns- > mīts

i. Mīts Samonēs ('mês da assembleia')
ii. Mīts Cintugiami ('mês do princípio do inverno')
iii. Mīts Mediogiami ('mês do meio do inverno')
iv. Mīts Uerpennogiami ('mês do fim do inverno')
v. Mīts Cintuesonnās ('mês do princípio da primavera')
vi. Mīts Mediouesonnās ('mês do meio da primavera')
vii. Mīts Belotenetos ('mês do fogo brilhante')
viii. Mīts Cintusamīni ('mês do princípio do verão')
ix. Mīts Mediosamīni ('mês do meio do verão')
x. Mīts Uerpennosami ('mês do fim do verão')
xi. Mīts Rextous ('mês da lei')
xii. Mīts Messuon (mês das colheitas)
xiii. Mīts Ambentaranos

Marcílio, se tiveres novidades sobre o novo calendário achado na Alemanha, posta logo aqui que eu farei o mesmo se achar. Very Happy


Última edição por Manuel Araújo em Dom Abr 29, 2012 1:27 pm, editado 6 vez(es)
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Mensagem  M· Diniz Nemetios Qua Jan 11, 2012 10:27 am

Manuel Araújo escreveu:...Gostava ainda de adicionar que Deiniol Jones também tem um projeto semelhante que pode ser visto aqui: http://pt.scribd.com/doc/41711977/The-Moriconion-Liturgical-Calendar
Pois sim!, Esqueci do calendário do sr. Deiniol Jones! Bem lembrado Wink

Manuel Araújo escreveu:Achei que podia partilhar aqui o meu próprio calendário, no que toca a nomes de meses, inspirado pelo de Coligny e pelos que têm sido divulgados aqui e por alguns nomes de meses atuais dos "países célticos".
Está se desenrolando, já vai fazer mês, uma boa discussão sobre os nomes dos meses de Coligny, basicamente em duas das grandes listas sobre línguas célticas antigas (e numa em especial que têm um bocado de gente importante, como David Stifter e tantos outros) - há muita coisa interessante que fora posta lá, inclusive aquela velha questão do pessoal do Caer Australis. Para os propósitos deste calendário iberoceltista, não há lá muita coisa decisiva, mas para um gaulês tem-se pano pra manga, como bem sabes.

Manuel Araújo escreveu:Nota: presumo (talvez erradamente) que houve a seguinte evolução de proto-céltico para gaulês - *mīns- > mīts
Pois sim, mīð, mīđ, mīss > mīts!

Manuel Araújo escreveu:* como *samīno- não está atestado na Gália, abstive-me de usar a correspondente evolução gaulesa por não estar atestada, mas estou a pensar usar por estar presente nos paralelos britónicos.
Este *samĪNO- é derivado principalmente das formas galesas em **Vfin- (mehefin, cyntefin) < **Vmīno-. Particularmente, preservei por suspeitar que seja um arcaísmo, mas não há lá evidências claras...
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