Ambivolciā / Ambiuolkiā (originário da lista Recons IberoCeltica)
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Ambivolciā / Ambiuolkiā (originário da lista Recons IberoCeltica)
Da autoria de M. Diniz Nemetios
(Quinta, 20 de Janeiro de 2011)
Para o pessoal no hemisfério norte,
Umas diretrizes básicas do Ambivolcia (pelo mundo céltico em geral e pela ibéria).
Tradições:
-peregrinação a uma fonte/poço sagrado
-banho de purificação
-arrumação, limpeza da casa
-confecção de amuleto de proteção doméstico (aqui se tem as "palhas-bentas", umas cruzes célticas feitas com palha e colocadas atrás das portas, não sei se é desta forma em Portugal - mas pode-se adotar a tradição gaélica dos crosóga e brídeóg, etc.)
-oferendas domésticas de agradecimento e orações/invocações para proteção/cura e bênçãos para a casa
-abençoamento de ferramentas de trabalho, etc.
-confecção da queimada como expurgante de malefícios residuais
Comidas, plantas e animais:
-lacticínios em geral e pães
-açafrão, dente-de-leão, prímula, sálvia, alecrim
-garça, ovelhas (bezerros e lactantes em geral), cobras
Diretrizes ortopráticas:
-invocação da Deusa dos Ofícios/Fogo Doméstico antes das preparações e banhos
-oferendas nas fontes/poços/riachos: pão e/ou moedas
-oferendas no fogo doméstico: parte das comidas preparadas
-as virgens (as que não tiveram filhos ainda) devem ter o cabelos a mostra, amarrados ou trançados, as mães, véu/xale ou manto durante os ritos e orações, etc.
Deusa:
*Deusa do Fogo Doméstico, do aprendizado de ofícios, inícios, técnicas e artes, ligada a cura, poços medicinais, fontes, medicina técnica, proteção doméstica e dos animais domésticos, vigor "espiritual", sanidade, fogo doméstico, raciocínio, inspiração, virgindade/castidade ou vida solitária, as vezes representada em trio.
-os romanos interpretaram-na como Minerva, no aspecto mais padroeira dos ofícios, raciocínio, da proteção bélica, medicina, como Tutela, no aspecto mais defensivo e protetor e mesmo como Nympha no aspecto de curadora, ligada às fontes e poços.
-para os celtibéricos Maiduna (identificada com Minerva) e provavelmente a deusa Sulis.
-para os calaicos Cohventena, provavelmente a deusa Munis e talvez o aspecto "nympha" da deusa Nabia.
-para os lusitanos, além da provável Munis, Iccona (se não a entendermos como *Ekwona, ou seja a gaulesa Epona, mas sim como a também gaulesa Icona - ligada as fontes que curam) e Trebopala; me lembro de ter visto que a deusa Sulis também fora adorada na região lusitana, mas não me recordo onde e não indicarei com certeza.
===
Um dos problemas, muitas vezes angustiantes, de se estar em reconstrução é que, no caso de certas divindades mesmo, não se dispõe de muitas evidências nem apontamentos sobre seu culto e área de atuação. Daí que é necessário além da pesquisa (procurem pelas aras votivas, inscrições, imagens, etc.), é necessário também o conato, a experiência e intuição pessoal que - junto com a consulta oracular - podem esclarecer dúvidas e apontar caminhos para a prática pessoal naquele momento.
Bem, é isso. Espero que tenha sido útil.
Inté!
:m:d:
:pb:
(Quinta, 20 de Janeiro de 2011)
Para o pessoal no hemisfério norte,
Umas diretrizes básicas do Ambivolcia (pelo mundo céltico em geral e pela ibéria).
Tradições:
-peregrinação a uma fonte/poço sagrado
-banho de purificação
-arrumação, limpeza da casa
-confecção de amuleto de proteção doméstico (aqui se tem as "palhas-bentas", umas cruzes célticas feitas com palha e colocadas atrás das portas, não sei se é desta forma em Portugal - mas pode-se adotar a tradição gaélica dos crosóga e brídeóg, etc.)
-oferendas domésticas de agradecimento e orações/invocações para proteção/cura e bênçãos para a casa
-abençoamento de ferramentas de trabalho, etc.
-confecção da queimada como expurgante de malefícios residuais
Comidas, plantas e animais:
-lacticínios em geral e pães
-açafrão, dente-de-leão, prímula, sálvia, alecrim
-garça, ovelhas (bezerros e lactantes em geral), cobras
Diretrizes ortopráticas:
-invocação da Deusa dos Ofícios/Fogo Doméstico antes das preparações e banhos
-oferendas nas fontes/poços/riachos: pão e/ou moedas
-oferendas no fogo doméstico: parte das comidas preparadas
-as virgens (as que não tiveram filhos ainda) devem ter o cabelos a mostra, amarrados ou trançados, as mães, véu/xale ou manto durante os ritos e orações, etc.
Deusa:
*Deusa do Fogo Doméstico, do aprendizado de ofícios, inícios, técnicas e artes, ligada a cura, poços medicinais, fontes, medicina técnica, proteção doméstica e dos animais domésticos, vigor "espiritual", sanidade, fogo doméstico, raciocínio, inspiração, virgindade/castidade ou vida solitária, as vezes representada em trio.
-os romanos interpretaram-na como Minerva, no aspecto mais padroeira dos ofícios, raciocínio, da proteção bélica, medicina, como Tutela, no aspecto mais defensivo e protetor e mesmo como Nympha no aspecto de curadora, ligada às fontes e poços.
-para os celtibéricos Maiduna (identificada com Minerva) e provavelmente a deusa Sulis.
-para os calaicos Cohventena, provavelmente a deusa Munis e talvez o aspecto "nympha" da deusa Nabia.
-para os lusitanos, além da provável Munis, Iccona (se não a entendermos como *Ekwona, ou seja a gaulesa Epona, mas sim como a também gaulesa Icona - ligada as fontes que curam) e Trebopala; me lembro de ter visto que a deusa Sulis também fora adorada na região lusitana, mas não me recordo onde e não indicarei com certeza.
===
Um dos problemas, muitas vezes angustiantes, de se estar em reconstrução é que, no caso de certas divindades mesmo, não se dispõe de muitas evidências nem apontamentos sobre seu culto e área de atuação. Daí que é necessário além da pesquisa (procurem pelas aras votivas, inscrições, imagens, etc.), é necessário também o conato, a experiência e intuição pessoal que - junto com a consulta oracular - podem esclarecer dúvidas e apontar caminhos para a prática pessoal naquele momento.
Bem, é isso. Espero que tenha sido útil.
Inté!
:m:d:
:pb:
Re: Ambivolciā / Ambiuolkiā (originário da lista Recons IberoCeltica)
Este é um rito de cunho mais doméstico. As práticas realmente comunitárias para esta data são basicamente a recolha de água/banho ritual e a oferenda a deusa da ocasião. Um rito deste tipo, presume um poço sagrado ou fonte/nascente em local "próximo". Caso não haja, é importante que o oficiante e os auxiliares, com ajuda da comunidade, se possível, resgatem um local assim, limpando-o previamente, ou simulem/construam símbolos efetivos que funcionem.
Esboço geral do Rito.
0. Preparações gerais.
1. Reunião dos participantes, procissão a um poço/fonte/nascente sagrada.
2. Chamada, declaração de propósitos, purificação do oficiante e auxiliares por ablução, acendimento do Fogo Sagrado.
3. Rito em si: invocação, sacrifício principal e hinos (e pode haver danças circulares) a deusa da ocasião.
4. Augúrio sobre a aceitação da oferenda, prece de purificação e de agradecimento comunitário, recolhimento da água purificada.
5. Espaço para preces pessoais, oferendas, etc.
6. Término do rito, oficiante e auxiliares falam as palavras finais e encerram o rito, chamada (por corno de batalha, etc.).
7. Pode-se ainda, recorrer a um processo de purificação comunitária por meio de uma "guerra de água" (como no festival de primavera hindu, o Holi - होली), que particularmente acredito que seja a origem da prática carnavalesca do Entrudo de jogar água e farinha uns nos outros em algazarra pelas ruas.
Detalhes, oferendas e materiais.
Ainda mais sobre os Deuses.
Quanto se enxerga somente a festividade hibérnica do Imbolc, as vezes fica difícil ver bem as coisas, já que não há um deusa Ibero-céltica que invariavelmente tenha sido representada iconograficamente e interpretada como Minerva como a deusa britônica Brigantiā. Nestes anos, desenvolvi a percepção que algumas das divindades apresentadas como *Deusas-rio pelos arqueólogos, nomeadamente, as que possuem alguma conotação de cura ou sol em seus nomes ou epítetos, podem si relacionar-se crucialmente neste festival. como Sannoavā (para os galaicos do norte), as Sūliās (para os galaicos do sul), etc.
Comentários, críticas, sugestões?
Esboço geral do Rito.
0. Preparações gerais.
1. Reunião dos participantes, procissão a um poço/fonte/nascente sagrada.
2. Chamada, declaração de propósitos, purificação do oficiante e auxiliares por ablução, acendimento do Fogo Sagrado.
3. Rito em si: invocação, sacrifício principal e hinos (e pode haver danças circulares) a deusa da ocasião.
4. Augúrio sobre a aceitação da oferenda, prece de purificação e de agradecimento comunitário, recolhimento da água purificada.
5. Espaço para preces pessoais, oferendas, etc.
6. Término do rito, oficiante e auxiliares falam as palavras finais e encerram o rito, chamada (por corno de batalha, etc.).
7. Pode-se ainda, recorrer a um processo de purificação comunitária por meio de uma "guerra de água" (como no festival de primavera hindu, o Holi - होली), que particularmente acredito que seja a origem da prática carnavalesca do Entrudo de jogar água e farinha uns nos outros em algazarra pelas ruas.
Detalhes, oferendas e materiais.
- Enfeites: rodas-solares/suásticas, sol, símbolos de poços, águas benéficas, cabelos enfeitados com flores, guirlandas, virgens com tranças no cabelo e penteados elaborados.
- Cores: dourado, amarelo, branco, e trajes coloridos em geral.
- Oferendas (devem ser depositadas em local próprio na água, a fim de não poluir a nascente/poço, etc. - caso não seja possível depositar na água, recorre-se ao fogo; neste caso, uma fogueira pode ser feita e acendida a partir do Fogo Sagrado): laticínios, moedas e pão/biscoitos.
Ainda mais sobre os Deuses.
Quanto se enxerga somente a festividade hibérnica do Imbolc, as vezes fica difícil ver bem as coisas, já que não há um deusa Ibero-céltica que invariavelmente tenha sido representada iconograficamente e interpretada como Minerva como a deusa britônica Brigantiā. Nestes anos, desenvolvi a percepção que algumas das divindades apresentadas como *Deusas-rio pelos arqueólogos, nomeadamente, as que possuem alguma conotação de cura ou sol em seus nomes ou epítetos, podem si relacionar-se crucialmente neste festival. como Sannoavā (para os galaicos do norte), as Sūliās (para os galaicos do sul), etc.
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